Acácio Gomes
A Câmara de Caraguatatuba deve criar nos próximos dias uma Comissão de Assuntos Relevantes (CAR) para acompanhar as discussões e o andamento das obras viárias dos Contornos Norte e Sul que cortam a cidade. O empreendimento provocará a desapropriação de 156 imóveis e o reassentamento de pelo menos 361 famílias. O pedido de criação da CAR foi protocolado no Legislativo pelo vereador Elizeu Onofre da Silva, o Ceará da Adega (PR). A comissão deverá entrar em funcionamento ainda este mês.
“Nossa intenção é acompanhar de perto as obras e, principalmente, o processo de desapropriação e o pagamento de indenizações. Muitas famílias estão preocupadas”, disse Ceará durante a sessão desta semana da Câmara de Caraguá.
Outro que mostrou preocupação com a questão foi o vereador Cristian Alves de Godoi, o Baduca Filho (PDT).
“O que preocupa é a forma das desapropriações, se vai ser mesmo o valor de mercado ou o valor venal. A Dersa deu a entender que será valor de mercado. A Câmara não é contra a obra, mas desde que se respeite o direito das moradias das pessoas. Aonde está o valor sentimental?”, questionou Baduca.
Já o vereador Agostinho Lobo de Oliveira, o Lobinho (PSDB), disse que as intenções da Dersa são boas. “Eu saí aliviado da reunião da semana passada, até por conta da preocupação com o Tinga. Se não for cumprido o que foi prometido, vamos fiscalizar”.
O parlamentar Francisco Carlos Marcelino, o Carlinhos da Farmácia (PPS), disse que requerimentos devem ser apresentados para questionar os órgãos durante todo o processo das obras. “Só pra ressaltar que a Dersa faz a obra e o DER mexe com as desapropriações”, esclareceu.
Wenceslau de Souza Neto, o Lelau (PT), diz que vai cobrar do Estado às promessas feitas na reunião. “O impacto social nunca é avaliado pelo Estado. São 230 famílias no Tinga e a Dersa não pode ficar só na palavra”, disse.
Os bairros
Próximo à região central, o bairro mais impactado com as obras viárias será o Tinga, com a previsão de 230 famílias atingidas. Na região do Tinga, o traçado vai cortar a Avenida Jorge Burihan e seu entorno.
Segundo a Dersa, as obras vão provocar ainda o reassentamento de 68 famílias na Ponte Seca, 32 no Cantagalo, 24 no Rio do Ouro e sete na Casa Branca.
Ermes da Silva, gerente de Relações Institucionais da Dersa, confirmou na reunião realizada em Caraguatatuba que as obras começam no final deste mês.
“O empreendimento começa pelas áreas livres. Todo o processo será feito de forma organizada, ninguém será tirado da sua casa do dia para a noite. Em relação ao Tinga, a Dersa está vendo um terreno no próprio bairro para construção de unidades habitacionais”, esclareceu.