Foto: Leonardo Rodrigues | PMSS
Legenda: Reprodução de alevinos em cativeiro pode garantir renda extra ao pescador artesanal
Projeto referência no Brasil serve como estímulo à economia pesqueira
Produção em cativeiro de Bijupirá apoia pescador artesanal frente à escassez de peixe
A produção em cativeiro de Bijupirá em São Sebastião avança com a instalação de dois tanques para o desenvolvimento do peixe na praia de Toque-Toque Pequeno, Costa Sul da cidade, e com isso torna-se referência no País.
A parceria público-privada entre a Prefeitura, por meio da Semam (Secretaria do Meio Ambiente), e a empresa Maricultura Itapema já traz em dois anos, sinais de estímulos à economia pesqueira artesanal e abre novos horizontes de oportunidades ao pescador sebastianense. O projeto fomenta a produção em cativeiro do Bijupirá e visa ser um suporte ao pescador local, assegurando ao setor pesqueiro a possibilidade de oferta durante todo o ano. Além do início de empreendimentos aquícolas no município.
O Bijupirá é um peixe nativo presente na costa brasileira apreciado pelo sabor e textura da sua carne. Ele apresenta características importantes para a viabilidade de cultivo, como crescimento acelerado, podendo chegar a cinco quilos em um ano, e excelente conversão alimentar. A reprodução e o desenvolvimento de alevinos na cidade são realizados de forma natural – sem uso de hormônios ou aditivos químicos.
O Projeto Bijupirá foi planejado para o setor pesqueiro visando estímulos econômicos, sociais e ambientais. O objetivo é desenvolver atividade de piscicultura marinha, protegendo o meio ambiente, estimulando a cadeia produtiva do pescado.
Economia
De acordo com um levantamento feito pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – Instituto de Pesca, a pesca marítima enfrenta crise devido a situação da maioria dos recursos que sustentam a produção pesqueira. A maricultura vem como alternativa para atender a demanda comercial e preservar os estoques nativos de peixes, crustáceos e moluscos.
Dentro do projeto é considerado o proveito econômico das áreas subaproveitadas e a incorporação de pescadores artesanais em uma atividade com benefícios às comunidades pesqueiras envolvidas. Isso permite a geração de trabalho e renda, através da geração de empregos e a oportunidade dos próprios pescadores iniciarem um empreendimento rentável e com maior possibilidade de agregar valor ao pescado.
A implantação do Laboratório de Peixes Marinhos, com o Projeto Bijupirá, não acarreta ônus aos cofres públicos, pois os custos de implantação e manutenção do mesmo são de responsabilidade da Maricultura Itapema. À Prefeitura cabe disponibilizar a cessão de uso do terreno. O que já foi concretizado por meio da Lei Municipal 2180/2011.
“Este projeto é um exemplo para as localidades próximas e um referencial no Brasil”, avalia João Carlos Manzella, engenheiro de Pesca – com especialidade em piscicultura marinha, da Maricultura Itapema.
Manzella, quem tem no currículo cursos no exterior, como em Miami (EUA), mensura que o cultivo de alevinos, mesmo considerado ainda uma produção pequena pode vir a beneficiar todo o Litoral Norte e o sul fluminense.
Meio Ambiente
A atividade também traz ganhos ambientais ao fomentar empreendimentos desse tipo, por meio da produção e transferência de alevinos aos pescadores locais, para desenvolvimento da piscicultura marinha na cidade.
Ao incentivar a produção aquícola com maior valor de mercado e acompanhamento, o projeto traz garantias ao produtor – no caso o pescador em São Sebastião, que não depende mais da sazonalidade que existe no setor, com o período do defeso por exemplo. Assim, o empreendimento diminui a pressão extrativista sobre os recursos explorados.
“O importante é assegurar que tem peixe ao pescador. Com o projeto a atividade é mais rentável e suprime a pesca extrativista, e com um menor custo ao produtor local”, explica Evandro Sebastiani, assessor do departamento de Pesca da Semam.
No Brasil, São Sebastião torna-se referência com a iniciativa espelhada em exemplos de atividades internacionais, e exemplo de desenvolvimento sustentável. Em diversos países, como o Japão, projeto similares já se tornaram atividade consolidada, praticada por pequenos, médios e grandes produtores.
O projeto permite apoio técnico e capacitação para os pescadores artesanais e aquicultores locais, através da implantação de Unidade Demonstrativa, com a instalação de dois tanques em Toque-Toque Pequeno, na Costa Sul do município. Outra contrapartida da Maricultura Itapema à cessão de área na Praia Grande, na região central da cidade, para a construção do laboratório de peixes marinhos, foi a doação de mais de 2 mil mudas de árvores nativas ao município.
Social
O Projeto Bijupirá em São Sebastião nutri também cunho socioambiental, e visa melhorar as condições de vida da comunidade sebastianense. A atividade abre a opção para diversificar a atividade gerando aumento da renda e assegurando o direito do pescador de retirar seu sustento dos ecossistemas marinhos.
Um dos resultados com o projeto, implantado em novembro de 2012, é a preservação da própria atividade pesqueira artesanal, que com os anos segue tendência de diminuição com o passar das gerações entre as famílias de pescadores sebastianense.
“Os ganhos com o projeto são muitos. Ele não apenas fomenta a atividade pesqueira como diminui custos para o pescador artesanal e aquece a economia do setor. O projeto preserva a identidade do caiçara local, sebastianense. O Projeto Bijupirá é realmente um exemplo em sustentabilidade”, observa Evandro Sebastiani.
A pesca artesanal é uma atividade tradicional no município e parte da configuração da cultura caiçara local. Possibilitar ganhos de receita aos pescadores locais, e com isso melhora sensível na qualidade de vida, assegura também preservação da cultura sebastianense.