José Fausto Pereira começou a vender sapatos informalmente, em Caraguá, no início da década de 1980. Trabalhou durante 18 anos no setor privado de telefonia. Maria Onicie Dias Pereira (conhecida como Nice), sua esposa, era professora. Ambos vêm de família de comerciantes.

“Fomos para Minas Gerais e lá minha mãe tinha uma lojinha de calçados no porão da casa. Tinha muitos sapatos e resolvemos trazer para Caraguá. Vendi quase tudo. Eu saia no sábado de madrugada para comprar sapato em Serra Negra e, depois de um dia de compras, chegava em Caraguá por volta das 22h e ainda tinha que colocar os preços. Na segunda-feira, eu levava as mercadorias no trabalho. A Nice vendia na escola e em um quartinho que tínhamos em casa, tão pequeno que as pessoas esperavam no quintal até sair um cliente e entrar outro. Com o tempo comecei a arrumar vendedores e vendíamos os calçados na feira no Travessão e percebi que estava dando certo, mas eu e Nice ainda tínhamos medo de largar o salário razoávelzinho. Eu tinha uns 40 anos e se demorasse mais, eu não teria coragem de sair do emprego. A ideia de me dedicar ao comércio foi maior e avaliamos que já tínhamos certa estabilidade, como uma casa financiada, quatro filhos e um carrinho velho”, relata Fausto.

Fausto e Nice venderam sapatos informalmente durante um ano e meio. Em 1985, a Nice Calçados foi aberta oficialmente, na Rua Major Ayres. A segunda loja foi a da Rua Altino Arantes e depois a loja da Santa Cruz, ampliada anos atrás. Em seguida foi aberta a Nice Fashion no Caraguá Praia Shopping, que soma 16 anos e, mais recentemente foi aberta uma loja Nice Calçados, em São Sebastião, e a franquia da Arezzo, no Serramar Shopping.

O nome da loja é referência à Nice, que veio a falecer em 2012. “As pessoas falavam que iam à casa da professora Nice. E não quisemos perder esta referência. Pedi para criar a logomarca e, para escolher a melhor, fiz uma pesquisa com todos meus conhecidos. Saí com as logomarcas em mãos e pedia opinião a todos que eu encontrava. A Nice era muito organizada e cuidou perfeitamente do escritório e do departamento financeiro da loja. Eu sabia ganhar o dinheiro e ela sabia administrar. Inclusive, ela até se afastou das aulas para ficar só na loja”, relata Fausto.

A sacolinha cor de rosa
“Encomendei algumas sacolas perto do Natal. Pedi na cor vermelha. Queria amarela, mas já a Pernambucanas já tinha essa cor. O fabricante errou no corante e me trouxe a sacola cor de rosa. Não tínhamos mais tempo, e por isto entregamos a sacola rosa para as mulheres e comprei algumas brancas para dar aos homens. Só que a sacola rosa pegou, as pessoas gostaram. Então, usamos até hoje”, revela Fausto.

A história de 32 anos da Nice Calçados é fruto de muita dedicação e amor.