Os palestrantes desenvolveram pesquisas nas áreas de meio ambiente, história e patrimônio cultural, que passam a fazer parte do acervo para futuras pesquisas da população
Por Adriana Coutinho
O Arquivo Público Arino Sant’Ana de Barros, de Caraguatatuba completou 20 anos de existência nessa terça-feira (20). Para comemorar a data e dividir com a população a sua importância na preservação da história da cidade, o ‘IV Ciclo de Palestras – Arquivo Municipal: 20 anos abrindo caminhos para o conhecimento’ reuniu no Auditório Maristela de Oliveira/Fundacc os palestrantes Edna do Espírito Santo Assis, Rose Teles, Carolina Santos Daher, José de Barros Pinto Filho e Emerson Reis de Oliveira, que apresentaram seus projetos, frutos das pesquisas realizadas junto ao órgão.
Estiveram presentes na abertura, a historiadora e técnica especialista em gestão documental, Luzia Toledo, representando a Divisão de Arquivo Público Municipal, Cristiana Tahan, Diretora do Cei /Emei Messias Mendes de Souza e Marina Montenegro, Coordenadora do grupo de elaboração do Plano Municipal de Educação Ambiental, representando o secretário municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, Marcel Luiz Giorgeti. Na plateia, estudantes, educadores e população em geral.
Para a historiadora Denise Lemes, responsável pelo arquivo desde 2004 – “Os encontros realizados nos últimos quatro anos para marcar o aniversário tem sido de grande relevância, primando por aproximar cada vez mais a população e os pesquisadores do setor, prova disso é essa profusão de produtos histórico-culturais que após sua finalização, passam a integrar o acervo do Arquivo, sendo disponibilizados para futuras pesquisas” – enfatiza.
Abrindo a programação, a professora Edna do Espírito Santo Assis, historiadora, especialista em Educação e Gestão Escolar e auxiliar de desenvolvimento infantil apresentou a palestra “Projeto Meu Pequeno Caiçara” que tem circulado na rede municipal de educação, onde apresenta às crianças, por meio de objetos, o cotidiano do caiçara pescador artesanal, valorizando a cultura tradicional da cidade. De família de pescadores, foi parceira no Projeto de História Oral Recontando Caraguá, atuou como arte educadora do Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba, e educadora social pela Secretaria de Assistência Social.
Outro projeto realizado em parceria com o Arquivo, foi o “Coletivo Memória Contada (agosto 2010 – 2017)”, pesquisas sobre a Ditadura Militar, com ênfase na trajetória do militante, professor e artista plástico, Antonio Benetazzo – ex-morador de Caraguatatuba que resultou na realização do livro ‘Benetazzo Presente!’, publicação de jornal e livreto com a vida de Benetazzo em cordel. Apresentado pela Rose Teles, professora aposentada da rede estadual, formada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, com especialização pela UNICAMP nas áreas de Língua e Literatura. Desenvolveu durante a carreira projetos ligados aos direitos humanos. Elegeu como método a História Oral, com o intuito de despertar o encontro, a escuta, a empatia e o interesse do aluno pela preservação da memória do município e do país. Seu projeto foi realizado ao longo de sete anos com alunos da E.E. Thomaz Ribeiro de Lima. O material foi doado no acervo do Arquivo Municipal Arino Sant’Ana de Barros.
Teles falou sobre importância dos professores utilizarem o arquivo – “Faço um apelo que o Arquivo trabalhe efetivamente com a Secretaria Estadual e Municipal de Educação, para que aconteçam projetos para que os alunos se desenvolvam, aproveitem o conteúdo, construindo juntos uma trama significativa de compreensão histórica. É papel do educador propiciar esse caminho. Parabenizo o arquivo e que cada vez mais aconteçam projetos e que todos participem na construção histórica da cidade”.
A palestra “Desafios para a Conservação da Mata Atlântica (PESM)” foi apresentada pela Mestra Carolina Santos Daher, Ecóloga, Mestre em manejo de áreas naturais protegidas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq/USP, atualmente é doutoranda pela UNICAMP com projeto sobre a gestão das Unidades de Conservação do Litoral Norte Paulista e as compensações ambientais das obras do complexo Tamoios. Daher versou sobre a criação do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba e planos de trabalho e programas voltados para melhorias nas unidades ambientais e focou na dificuldade em se acessar esses investimentos disponibilizados pelos programas.
“A função primordial do Arquivo Público “Arino Sant’Ana de Barros” é conservar, organizar e dar acesso à população aos documentos públicos do município sob sua guarda, que devem ser mantidos permanentemente por seu valor de prova, histórico e como fonte de informação. Elaboramos instrumentos de pesquisa visando atender à pesquisa pública, assim como participamos e executamos programas e projetos ligados ao registro da memória eventos culturais do município e região. Pessoas que tenham fotografias e documentos e queiram integrá-los ao nosso acervo, devem vir para que possamos copiar ou receber os originais” – comentou Lemes, historiadora do Arquivo. “Estamos muito felizes com o resultado alcançado pelos palestrantes, fruto de pesquisas realizadas em nosso acervo” – finalizou.
O “Projeto CLIMA – Ciranda de Literatura, Imagem e Meio Ambiente” com os professores José de Barros Pinto Filho e Emerson Reis de Oliveira fechou a programação apresentando um trabalho que envolveu alunos da Rede Municipal de Educação voltado para questões históricas e ambientais e levantamento quanto aos rios da cidade, a partir de pesquisas no Arquivo, resultando em um vídeo apresentado ao público. Para 2018, preparam com os alunos, um documentário sobre a extinta pedreira do Camaroeiro. José de Barros, conhecido como Professor Z, é Bacharel e Licenciado em Geografia pela UNICAMP e Mestre em Educação Ambiental pela Universitat de Girona/Espanha. Desenvolveu projetos ambientais e audiovisuais. Já Emerson Reis é historiador, professor, pedagogo, produtor musical e musicista, formado pela UNIMODULO e Berklee College of Music. Atua na área de educação há 11 anos em instituições privadas e governamentais.
Sobre o Arquivo – O Arquivo Público foi criado através da Lei Municipal nº. 667/98, de 20 de março de 1998, subordinado à FUNDACC – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba. Teve como primeira sede, as antigas Oficinas Culturais do centro (Hotel Vitória, demolido), e depois um espaço no CIEF Poiares. Recebeu o nome de Arino Sant’Ana de Barros, grande parceiro do Arquivo e passou a funcionar e atender em uma sala do Polo Cultural “Profª. Adaly Coelho Passos” em 12 de junho de 2002.
Atualmente, tem sede no Centro Cultural “Professora Eloíza Andrade Antunes de Oliveira”, junto à Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba (Fundacc), na Rua Santa Cruz, 396, no centro.