Literatura brasileira
FICHA TÉCNICA
Henriqueta Lisboa – OBRA COMPLETA: Poesia, Poesia traduzida e Prosa
3 volumes (box) – 15cm x 22,5cm
ISBN: 978-65-86028-69-0
Henriqueta Lisboa – Poesia (Obra Completa v. 1)
Organizado por Reinaldo Marques, Wander Melo Miranda.
784 p. 15cm x 22,5cm
ISBN: 978-65-86028-73-7
Henriqueta Lisboa – Poesia traduzida (Obra Completa v. 2)
Organizado por Reinaldo Marques, Wander Melo Miranda
584 p – 15cm x 22,5cm
ISBN: 978-65-86028-74-4
Em 2021 completam-se 120 anos do nascimento da poeta Henriqueta Lisboa (1901-1985). Para comemorar a ocasião, a editora Peirópolis está lançando – pela primeira vez na história da literatura brasileira, a edição de sua obra completa em três volumes, com organização de Reinaldo Marques e Wander Melo Miranda. A obra da poeta, tradutora, ensaísta e professora se multiplica em várias outras edições e um site que disponibilizará a versão digital das obras para visualização do leitor, além de trazer conteúdo extra sobre a autora.
Dentre as edições previstas em formato impresso, estão livros de poema avulsos, como Flor da morte, A face lívida e Pousada do ser. A obra da autora está migrando pra outras coleções da editora, como Purgatório, com traduções dos cantos de Dante Alighieri pela coleção Clássicos de bolso e Poesias escolhidas de Gabriela Mistral, com os poemas da chilena que recebeu em 1945 o prêmio Nobel de Literatura, traduzidos por Henriqueta.
A ideia de se publicar toda a obra de Henriqueta Lisboa numa única edição foi acalentada ao longo de vários anos, desde a chegada de seu arquivo ao Acervo de Escritores Mineiros da UFMG, em 1989. À medida em que os pesquisadores iam trabalhando com a obra e os fundos documentais do arquivo de Henriqueta, mais se tornava premente a necessidade dessa edição, visto que a falta dela prejudicava em muito uma avaliação mais precisa da obra, do lugar e papel de Henriqueta na literatura brasileira.
“Ao organizarmos o volume Henriqueta Lisboa: poesia traduzida, publicado em 2001 pela Editora UFMG, tornou-se ainda mais patente a necessidade dessa edição. Conhecer melhor a atividade tradutória de Henriqueta demandava ler alguns de seus ensaios sobre os poetas traduzidos contidos em seus livros de prosa crítica”, explica Wander Melo Miranda, doutor em Literatura Brasileira pela USP e professor emérito da Faculdade de Letras da UFMG. Pesquisador 1A do CNPq, ele coordena o projeto de pesquisa Acervo de Escritores Mineiros da UFMG, sob a responsabilidade do Centro de Estudos Literários e Culturais. Membro da Academia Mineira de Letras, organizou, ao lado de Reinaldo Marques, o conjunto da obra a ser lançado pela Editora Peirópolis.
Os trabalhos para a concretização do projeto iniciaram-se por volta de 2003, sob a liderança de Abigail Lisboa de Oliveira Carvalho, sobrinha de Henriqueta e responsável por seu espólio, que convidou a dupla para cuidar da organização da edição da obra completa da poeta. De imediato foram contratados os serviços de digitação em computador de todos os seus livros publicados. Além de depoimentos, discursos, entrevistas, textos esparsos publicados em jornais e revistas, e artigos críticos sobre sua obra.
“Em 2004, já estávamos avançando em termos do trabalho de revisão do material digitado”, conta Reinaldo Marques, doutor em Literatura Comparada e professor associado da Faculdade de Letras da UFMG. Ele integra a equipe de pesquisadores do Acervo de Escritores Mineiros da UFMG, sob a responsabilidade do Centro de Estudos Literários e Culturais, do qual foi diretor. É ainda pesquisador do CNPq e foi presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic).
A ideia de dividir a edição em três volumes — um com a poesia de Henriqueta, outro com sua prosa e mais um outro volume incluindo também a poesia traduzida por ela — foi uma decisão editorial da Peirópolis, que os organizadores julgaram plenamente acertada. “Nesse momento, em conversas com Abigail, decidimos respeitar a vontade autoral de Henriqueta no tocante a sua obra poética, mantendo-se as exclusões feitas por ela. De modo geral, procuramos trabalhar em conjunto, nos reunindo sempre, fazendo um trabalho realmente a quatro mãos”, explica Miranda, sobre seu trabalho com Reinaldo Marques.
Segundo os organizadores, “A obra de Henriqueta Lisboa (1901-1985) ocupa certamente um lugar especial na literatura brasileira do século 20, embora uma avaliação mais acurada de sua trajetória ainda esteja por fazer, em razão das dificuldades de acesso a seus livros, muitos deles limitados às primeiras edições.
“Uma avaliação da real importância de Henriqueta Lisboa para a nossa Cultura e Literatura ainda está por se fazer. Espera-se que a presente edição de toda sua obra contribua para essa avaliação. Nesse sentido, cabe levar em conta a atuação multifacetada de Henriqueta como poeta, tradutora, teórica e crítica, professora e pesquisadora. E também como figura atuante no sentido de tornar a presença das mulheres mais visível em nossas instituições”, conclui Marques.
Sobrinho guarda ricas lembranças
Formado em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e um dos primeiros economistas brasileiros com doutorado no exterior, pela Universidade de Yale (EUA), Edmar Lisboa Bacha é um sobrinho ilustre de Henriqueta Lisboa. Membro da Academia Brasileira de Letras, ele conta que guarda memórias ainda muito vivas da época em que, ainda criança, teve oportunidade de conviver com a tia Henriqueta, personalidade também já ilustre à época.
“Tia Henriqueta foi uma pessoa especial. Não só por sua poesia, que é admirada mundo afora. Também por sua figura frágil que parecia ser feita de porcelana, e sua personalidade a um tempo forte e reclusa. Ao contrário de minha mãe, Maria de Jesus Lisboa Bacha, que adorou a experiência do Sion (Colégio Sion, da cidade de Campanha, ainda em Minas, onde diplomou-se normalista), Henriqueta a detestou, mas tanto assim que da madre superiora ganhou a alcunha de la petite orguilleuse, a pequena orgulhosa. Irritava-se quando a chamavam de “poetisa”, e me dizia algo assim: “só mesmo homens para quererem se apoderar de um substantivo terminado em ‘a’, como ‘poeta’, para relegar as mulheres poetas a um diminutivo ‘poetisa’”.
Becha diz que recebeu com enorme entusiasmo a notícia de que a Editora Peirópolis estava reunindo as obras completas de sua tia Henriqueta. Considerada pela crítica uma das grandes vozes da poesia brasileira, Antônio Cândido a comparou a Cecilia Meireles e Manoel Bandeira pela fluidez e caráter etéreo de seus versos. Em 1930, a Academia Brasileira de Letras (ABL) concedeu-lhe o Prêmio Olavo Bilac, “pelas primícias de meu trabalho” em suas próprias palavras – o livro de poemas Enternecimento. Voltou a ser homenageada pela Academia em 1964 e em 1974. Em 1984 recebeu a mais alta insígnia da Casa, o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Em seu falecimento, em 1985, Raquel de Queiroz, a primeira mulher a entrar na ABL, afirmou: “Repito o que disse no dia de minha eleição: quem devia ter entrado aqui, primeiro que eu, era Henriqueta”.
A Face Lívida, de 1945, e Flor da Morte, de 1947, estão entre seus mais belos livros de poemas, na opinião do sobrinho. Muito se especulou sobre as razões do foco de Henriqueta no tema da morte nos anos 1940: o horror da 2ª. Guerra, os falecimentos de seus amigos João Alphonsus de Guimaraens em 1944; e Mário de Andrade em 1945, e de seu pai em 1947. Em “A Infância”, poema de Prisioneira da Noite de 1941, Henriqueta relembra a dor de seus seis anos com a morte de sua irmãzinha.
“Especulo que esses eventos trágicos possam ter-lhe rebatido com o sentimento de sua própria fragilidade física, manifesta desde quando pequenina. Assim revela o depoimento pessoal de vó Sinha e vô Lisboa: “Sinhá contava que Henriqueta teve coqueluche que durou um ano. Ela que já andava, parou de andar. Os alimentos lhe faziam mal. Sinhá percebeu que o organismo de Henriqueta não tolerava gordura. Passou a fazer uma dieta totalmente sem gordura. Assim ela conseguiu recuperar a Henriqueta. Paradoxalmente é dessa fragilidade física que Henriqueta parece retirar sua extraordinária força interior, que elabora poeticamente (em “O Mistério”, poema de Flor da Morte):
Na morte, não. Na vida.
Está na vida o mistério.
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