Por Regis Thiago – Jornal Massaguaçu – Ed. 35
O artesão Jonatas de Campos Bueno, conhecido como Mestre Joca, de Caraguatatuba, pensa fora da caixinha e diferente de qualquer gestor público cultural. Por isso é reconhecido nacionalmente, respeitado e querido por artistas locais e amigos. Joca foi o primeiro artesão a receber o prêmio em Caraguatatuba, do Ministério da Cultura e reconhecido como Mestre da Cultura Popular – Edição Leandro Gomes de Barros, ficando em 35º colocado dentre dos 200 prêmios distribuídos para pessoas físicas em todo o Brasil. Um prêmio Federal que é reconhecido pelo conhecimento cultural transmitido de geração pra geração, toda a expressão da cultura popular é contemplada nesse prêmio. Além de ter sido homenageado pela Câmara Municipal de Caraguatatuba pelos seus trabalhos, Joca também foi contemplado este ano em mais três editais, sendo eles no Aldir Blanc e no Proac Lab 58, por também ter um espaço referência como ‘Ponto de Cultura’, localizado no bairro Gaivotas.
Jonatas é da cidade de Guaratinguetá, mas vive em Caraguá há muitos anos. “Eu sou de Guaratinguetá. Estou em Caraguá desde 1999 e logo que terminei o colegial comecei a trabalhar em construção civil e tive alguns desencantos e nessa vi a possibilidade de usar as fibras vegetais para eu fazer bolsas e vender como ambulante na praia, se eu pegasse a taboa e vendesse direto ao potencial turístico, algo que me encantou um pouco. Logo que comecei a fazer esse trabalho, descobri que tinha um senhor que fazia isso, o senhor Ronaldo, fazia aqui na cidade. Depois disso não parei mais”, explica Joca.
O artesão trabalha com arte a mais de 14 anos, tendo em seu currículo projetos junto a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades – Sutaco, Fundação Casa, abrigos do Conselho Tutelar, asilo Pró + Vida, APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, SESC – Serviço Social do Comércio de Taubaté e Bertioga, além do Instituto de Terras do Estado de São Paulo, que cuida das comunidades Tradicionais e isoladas. “Também desenvolvi um trabalho nos quilombos de Ubatuba através do instituto e desde então venho pensando sempre na cultura de forma regional. Nesse caminhar fui contemplado como mestre das culturas populares”, explica o Mestre.
Mesmo com a pandemia da Covid-19, Joca não parou; claro que como todos, teve dificuldades, mas os trabalhos deram continuidade. “Os eventos pararam, mas houve um apego para as coisas de casa, no meu modo de ver. Nessa pandemia, nos dois primeiros meses pós o carnaval, tive algumas dificuldades com relação à mudança, tudo foi de repente, mas depois do terceiro mês eu já comecei a perceber que as pessoas dentro de casa iniciaram mudanças em sua decoração. E com a carta de clientes que eu já tenho desde 2006 houve uma procura enorme dessas pessoas em utilizar meus produtos em suas residências. Claro que independente de governo, o auxílio emergencial também ajudou, pois, tenho gasto com material, água, luz, aluguel, e tudo mais. Mas eu nunca trabalhei tanto quanto nessa pandemia”, concluiu o Mestre.
Considerado mestre por manter vivo o patrimônio da cultura popular do país, em especial de nossa cidade, o artesão estimula outros a valorizarem nossas maiores riquezas e usa matérias-primas como folha de bananeira, fibras, embaúba, taboa, pandano, entre outros produtos para produzir chapéus, bolsas, quadros, chinelos, luminárias, acessórios, enfeites, entre outros. Tudo vai depender da sua criatividade, afinal, tudo que cai na mão do mestre vira arte. Assim como o carnaval realizado em anos anteriores, quando lançou o “Carnaval Chapéu do Joca”.