Na manhã da última sexta-feira (04), o Instituto Argonauta recebeu um acionamento através do CMA-ICMBIO (Centro de Mamíferos Aquáticos) a respeito de uma possível baleia jubarte (Megaptera novaengliae) presa em uma rede, no canal de São Sebastião.
A equipe do Instituto Argonauta sediada em São Sebastião e coordenada pelo biólogo Manuel da Cruz Albaladejo deslocou-se até o local onde confirmaram que o animal estava envolto por uma rede de pesca.
O Projeto Baleia à Vista que atua no monitoramento de cetáceos na região, acompanhado da equipe do Projeto Conservação da Toninha, também estavam presentes no local observando, apoiaram a ação e puderam acompanhar e registrar imagens do trabalho de resgate realizado com sucesso pela equipe do Instituto Argonauta.
As baleias sofrem inúmeras ameaças, mesmo após a proibição de sua caça no Brasil, e dentre elas as redes de pesca são uma das que mais causam problemas, mesmo que incidentalmente.
As chamadas redes de espera, que são deixadas pelos pescadores com objetivo de capturar peixes, muitas vezes não são percebidas pelas baleias que acabam se enroscando e muitas vezes morrendo ou se machucando por ficarem presas a este tipo de material resistente feito de nylon e fibras sintéticas.
O desemalhe de uma baleia é uma atividade extremamente arriscada que precisa ser feita, seguindo protocolos específicos, e regulamentados no Brasil pelo CMA-ICMBIO e por uma equipe técnica capacitada e treinada para evitar ao máximo o risco a vida da equipe de salvamento. A capacitação e o uso de equipamentos corretos e adequados para este tipo de atividade é muito importante para o sucesso da operação.
Segundo Manuel, “uma das nossas maiores preocupações era com a segurança de turistas que estavam tentando fazer o procedimento de salvamento da baleia e que mesmo que com a melhor das intenções não deve ser feito por pessoas despreparadas, por colocar em risco a si mesmas, bem como o próprio animal.”
O apoio das embarcações Maremar turismo e Mar e Vida que estavam no local, foi também importante para o sucesso da operação, uma vez que mantiveram outras embarcações afastadas e deram apoio necessário.
O Instituto Argonauta que atua em todo litoral norte do Estado de São Paulo tem em seu histórico conjuntamente com Aquário de Ubatuba e Projeto Tamar o resgate de uma baleia jubarte no ano de 2000 que encalhou na Praia do Bonete em Ubatuba e que foi reavistada em Abrolhos com comportamento normal de reprodução oito anos depois.
Segundo oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto, “Um dos momentos mais importantes e mais realizadores de todo trabalho de resgate e reabilitação de fauna que já executamos ao longo destes 25 anos em toda a região é justamente quando a gente consegue liberar um animal tão especial quanto uma baleia e descobrir que ele vai poder continuar a sua trajetória de vida por mais tempo na natureza. Nestes momentos, eu chego a pensar que, pelo menos um pouco, nós estamos tentando e conseguindo reverter o grande impacto que a atividade humana causa a fauna marinha”.
*Fonte: Instituto Argonauta