O grande volume de chuvas que caiu sábado (2) não impediu que cerca de 150 participantes entre pessoas com transtorno do espectro autista, familiares, educadores, profissionais da área de saúde e autoridades prestigiassem o encontro solidário para marcar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
O evento foi realizado pela Associação de Apoio e Desenvolvimento do Autista (ADA), com o apoio da Prefeitura de Caraguatatuba, Associação Comercial e Empresarial, Sabesp e comerciantes locais.
A presidente da ADA, Bárbara Almeida, mãe de Maria Eduarda, 20 anos, e Rafael, 10 anos, ambos autistas, disse que apesar da chuva ter atrapalhado o passeio, o saldo foi positivo.
“Mais uma vez conseguimos reunir um número considerável de pessoas para mostrar que há várias pessoas autistas que fazem parte da sociedade e tem o direito de exercer sua cidadania com respeito, inclusão e acolhimento por parte de todos. Não foi por acaso que o lema escolhido para este ano, em nível nacional foi ‘Lugar de autista é em todo lugar’. Além disso, vendemos 300 camisetas cujo montante arrecadado será revertido para apoio às famílias assistidas pela associação”, declarou.
O secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso (Sepedi), Amauri Toledo, disse que “foi uma satisfação participar desse encontro pela primeira vez”. “Agradeço à equipe da Sepedi por estar presente em uma ação tão importante como essa de sensibilização e conscientização da comunidade em relação à neurodiversidade entre as pessoas com o transtorno do espectro autista. Parabenizamos a presidente da ADA, Bárbara Almeida, que mais uma vez esteve à frente do passeio solidário”, afirmou.
Também marcaram presença no evento o vice-prefeito José Ernesto Ghedim Servidei, o vereador Cristian Bota e a diretora do setor de Educação Inclusiva da Rede Municipal de Ensino, Daniela Lélis.
O que é o Transtorno do Espectro Autista
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, que como toda deficiência, não tem cura, mas pode ter seus sintomas suavizados com um acompanhamento adequado e precoce do paciente. Não há uma causa bem estabelecida, estudos apontam que fatores ambientais e genéticos podem estar envolvidos.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), uma em cada 160 crianças possui TEA. Ainda de acordo com a organização, tem-se observado um aumento de casos no mundo, o que pode ser explicado pelo aumento da conscientização sobre o tema e uma maior busca pelo diagnóstico.
O TEA é observado logo nos primeiros anos de vida, mas os sintomas nem sempre são os mesmos para todos. Podem se manifestar da seguinte forma: movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (por exemplo, estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).
Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (por exemplo, forte apego ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos). Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (como indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).
Infelizmente, muitas pessoas são diagnosticadas tardiamente, sendo o diagnóstico realizado, em média, quando a criança apresenta entre 4 e 5 anos. O diagnóstico tardio é prejudicial para ela, uma vez que as terapias são importantes para o seu desenvolvimento completo.
A pessoa com TEA apresenta diferentes graus, sendo possível encontrar pessoas com quadros considerados leves e pessoas com quadros mais graves. O nível de apoio a cada uma delas deverá ser correspondente a esse grau de gravidade.
Lei Municipal
No ano de 2020, foi sancionada a Lei nº 13.977, que institui a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). A lei ficou conhecida como ‘Lei Romeo Mion’, em homenagem ao filho do apresentador Marcos Mion, que possui o TEA.
Ano passado, foi criada a Ciptea municipal, pela Lei 2.558/2021, de autoria do vereador Cristian Bota, baseada na Lei Federal 13.977.
Esse documento é emitido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso (Sepedi), tem validade em todo território nacional e visa garantir atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação, assistência social, esporte e cultura, conforme artigo 3º da Lei 13.977/2020.