A história dos caiçaras de Caraguatatuba e toda costa litorânea de São Paulo tem uma cronologia muito parecida, com a chegada do desenvolvimento nas décadas de, 60 e início dos anos 70, vieram as construções de rodovias que deram acesso ao litoral e a ligação entre os municípios litorâneos, e acelerou o processo de ocupação, trazendo a especulação imobiliária, e tudo que vem atrelado ao crescimento de uma região.
Esse “desenvolvimento” chegou de forma acelerada e suprimiu os habitantes da região que viviam uma situação de subsistência, com a pesca, agricultura, artesanato e suas tradições, havia fartura de alimentos e pouco dinheiro. E justamente essa falta de dinheiro, na década de 60, e início dos anos 70, fizeram com que os caiçaras vendessem suas terras a preço muito baixo, à “doutores” que ofereciam pouco e tinham muita lábia.
Os caiçaras que tinham suas terras próximo ao mar, foram se desfazendo dos terrenos, pois não conseguiam viver mais da pesca, nem manter suas roças, e foram se instalando em bairros mais afastados ou próximo as encostas, ou até mudando de cidade.
O valor das terras próximo o mar fez com que o povo caiçara se afastasse de suas raízes e suas tradições foram juntas, com o desenvolvimento desordenado que persiste até os dias de hoje.
Hoje existem ilhas de cultura tradicional caiçara em comunidades isoladas ou adaptadas ao meio de vida atual, lembrando que esse ciclo é o mais recente, pois aconteceu com os povos originários, os índios, e durante os 524 anos de colonização vários ciclos se sucederam.
Atualmente em Caraguatatuba somente a praia da Cocanha e Tabatinga são classificadas pelo Plano de Manejo de Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte APAMLN aprovado em 2021, como: área que possui comunidades de pescadores artesanais, isolados ou afastados.
E hoje a MAPEC exerce papel fundamental para manutenção da cultura tradicional caiçara em Caraguatatuba, essa luta é diária pois a pressão sobre essas comunidades continuam, e atualmente as formas de pressão sobre o povo caiçara são outras.
O desafio hoje é, como manter e repassar as novas gerações os valores das tradições ancestrais, os filhos nascem em uma sociedade que presa em valorizar somente os bens de consumo transformados, sem valor histórico algum. Isso tem sido o grande desafio para comunidades tradicionais.
Somente a força da organização local pode romper essas barreiras, e mostrar que a vida tradicional pode ser mantida e repassada de forma sustentável, por meio de conhecimento, envolvimento, e parcerias.
Assim desde 1998 quando surgiu o interesse pela maricultura na região de Caraguatatuba, uma alternativa a pesca artesanal, que foi apresentado pelo Instituto de Pesca – APTA – SAA – SP e Secretaria do Meio Ambiente (SEMA – SP) em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura, FAO. A MAPEC vem se aperfeiçoando, adquirindo conhecimento, parcerias e fortalecendo suas tradições.
Hoje o grande trunfo para manter viva a cultura tradicional caiçara está justamente em mostra lá, torna – lá acessível a todos, e assim a MAPEC através da capacitação de seus membros, e parcerias, vem conseguindo este feito com o programa de Turismo de Base Comunitária, desenvolvido desde 2019 no rancho de pesca.
Onde os pescadores utilizam para guardar seus utensílios, trabalharem, conviverem, trocar experiências, estudarem e principalmente transferir seus saberes através do turismo receptivo que é desenvolvido junto a rede pública e particular de ensino, além de convênios com universidades como a UNICAMP e escolas particulares da capital como colégio Floresta.
Um dos exemplos dessa capacitação é o caiçara José Donizete de Oliveira Santos 68 ano, passou por todos esses ciclos, quando crianças começou a trabalhar na construção civil com o pai, mas com 13 anos enxergou outro caminho, o turismo, e foi trabalhar a área de hotelaria, em Caraguatatuba depois Ilhabela onde conheceu a pesca submarina, se aperfeiçoou e adquiriu muito conhecimento, e quando voltou a Caraguatatuba trabalhou por trinta anos na construção civil.
Mas não terminou seus estudos quando jovem, e aos 50 anos iniciou sua vida acadêmica, se formou no EJA, fez segundo grau, depois faculdade, é Biólogo formado, com especialização em aquicultura voltado ao cultivo de mexilhão pelo Instituto Federal, e pós graduado em Educação Ambiental
Hoje é um dos membros da MAPEC que repassa seus conhecimento no programa de Turismo de Base Comunitária, “Meu papel é orientar, deixar um planeta melhor para gerações futuras!” Comenta Donizete. “O turismo de base comunitária tem objetivo de auxiliar as pessoas e alunos que passam por aqui a apreenderem o valor da palavra sustentabilidade, os valores da cultura tradicional caiçara, e o respeito pelo ambiente saudável, a minha função é orientar” finaliza Oliveira.
E por meio de conhecimento e transmissão de saberes da cultura tradicional caiçara a MAPEC vem buscando com exemplos, orientar aqueles que passam por algum, tipo de serviço que é oferecido pelo Turismo de Base Comunitário do rancho de pesca da pria da Cocanha.
Amanhã traremos a importância dos apoiadores para o fortalecimento de nossas ações, e o cronograma do evento.
Ação ambiental, 22 de Março Dia Mundial da Água.
Projeto: O Farol do Lixo.
Um Farol de Soluções para um Oceano Sustentável
Junte-se a nós no Dia Mundial da Água para uma experiência transformadora!
Serviço.
Presidente Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha (MAPEC).
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