Por que a bandeira do arco-íris se tornou simbolo do movimento LGBT?
Flâmula multicolorida, usada no mundo inteiro em homenagens às vítimas de ataque a boate gay em Orlando, foi criada para ‘Dia da Liberdade Gay’ em San Francisco no final da década de 70.
Ao redor do mundo, a bandeira do arco-íris tem sido exibida em prédios e manifestações como forma de solidariedade com as 49 pessoas mortas por um atirador em uma boate gay de Orlando. Mas como este símbolo se tornou tão amplamente reconhecido?
A bandeira de seis faixas e cores foi usada por pessoas para lá de diversas: Paul McCartney encerrou um show em Berlim, no início da semana, enrolado nela. A bandeira foi hasteada na Catedral de Exeter, no sudoeste da Inglaterra, durante uma vigília pelas vítimas. E em Paris, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores do arco-íris.
“Não consigo pensar em qualquer outro símbolo com tamanho reconhecimento ao redor do mundo”, diz o ativista gay britânico Peter Tatchell.
“Ele ficou universal desde os anos 90. E mostra a diversidade não só na comunidade LGBT, mas na vida em geral”.
A bandeira do arco-íris surgiu em 1978, quando Gilbert Baker, um artista baseado em San Francisco, nos EUA, criou um design com oito cores. Em 25 de junho daquele ano, o Dia da Liberdade Gay nos EUA, as primeiras versões da bandeira foram vistas nas ruas.
Baker explicou que sua ideia era promover a ideia de diversidade e inclusão, usando “algo da natureza para representar que nossa sexualidade é um direito humano”.
O uso da bandeira se disseminou por San Francisco e em outras grandes cidades como Nova York e Los Angeles. Na década de 1990, ela já era reconhecida como símbolo global para direitos LBGT.
“A bandeira susbtituiu o triângulo rosa, até porque é um símbolo mais positivo”, explica Tatchell, referindo-se ao uso da forma geométrica para identificar homossexuais em campos de concentração na Alemanha Nazista.
As oito cores da bandeira original de Baker representavam diferentes aspectos da vida:
O número de cores foi depois reduzido para seis; saíram anil e rosa, e azul-turquesa foi substituída por azul.
Segundo o vexilólogo (especialista em bandeiras) Graham Bartram, do Flag Institute, em Londres, “era muito difícil obter tecidos de cor rosa, e como as bandeiras eram costuradas, em vez de impressas, a cor foi descartada”.
Para Bartram , a bandeira do arco-íris deu certo por causa de sua simplicidade. “Funciona um pouco como os aneis olímpicos, que foram concebidos para usar cores presentes nas bandeiras de todas as nações participantes”,
A bandeira não é acolhida universalmente como um símbolo de libertação. Autoridades na Jamaica, país que tem leis criminalizando o homossexualismo, reclamaram na Embaixada dos EUA quando esta hasteou a bandeira com o arco-íris no seu prédio em Kingston após o massacre de Orlando – o procurador-geral jamaicano classificou a atitude como “desrespeitosa”.
A história da bandeira, porém, precede 1978 e o movimento LGBT. No século 18, o filósofo anglo-americano Thomas Payne sugeriu o uso dela para identificar navios neutros durante períodos de guerra.
No início do século passado, o pacifista americano James William van Kirk desenhou um bandeira com as cores do arco-íris, conectada a um globo. A ideia era mostrar como pessoas de diferentes nações poderiam viver juntos, em harmonia.
“O arco-íris é algo que desenhamos desde pequenos”, conta Bartram. “Assim, todos nós sabemos do que se trata e podemos interpretá-la como quisermos. Por isso é que ela funciona tão bem”.
Para salvar Kiruna, projeto prevê levantar prédios e casas e levá-los para uma nova cidade a 2km de distância.
A cidade de Kiruna, na Suécia, corre o risco de afundar.
A atividade da maior mina de ferro do mundo está cobrando seu preço do local.
“Apesar de as escavações se encontrarem a 1km da superfície, a terra está rachando, o que significa que tudo deve ser eliminado”, disse à BBC Mundo Göran Cars, chefe do projeto de realocação e professor de planejamento urbanístico do Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo.
Foi esse o problema com o qual Cars se deparou na primeira vez que visitou a cidade para dar sua opinião profissional.
“Surgiram muitas perguntas: deveríamos construir uma cidade completamente nova? Deveríamos mudar todos os imóveis? Como gerenciar um projeto desta magnitude?”, conta o especialista.
Após ficar confuso, falar com vários colegas e pensar bem nestas perguntas, ele se decidiu por um híbrido de construções antigas e novas em uma cidade de arquitetura futurista, onde distintas épocas viveriam em harmonia.
Mudar uma cidade inteira de lugar é um projeto que deve levar 30 anos.
O lugar da nova cidade será 2km a leste de onde ela está agora. A estimativa é que custe US$ 3,38 bilhões (R$ 11,5 bilhões).
Talvez o passo mais difícil a dar tenha sido o primeiro: falar com as pessoas afetadas e buscar um consenso de como fazer as coisas.
Mudança particular
“São suas casas, o lugar onde viveram uma vida, então, deve haver um diálogo aberto sobre as possibilidade e sobre como elas gostariam de viver no futuro”, explica Cars.
As opções eram mudar a casa inteira ou demolir a existente e construir uma nova.
Para quem escolhesse se mudar com casa e tudo, a prefeitura avaliaria a viabilidade e, se aprovada, a propriedade se somaria à lista dos imóveis a serem transportados.
“Agora teremos de mudar 33 edifícios e um número parecido de casas particulares”, conta o especialista.
Quando se trata de um edifício relativamente pequeno, o procedimento é escavar abaixo e levantá-lo a partir das fundações para movê-lo com gruas “muito, muito, muito grandes” até seu novo lar.
“Isso é feito no meio da noite, e é preciso fechar o trânsito das ruas principais”, explica.
Mas, para os edifícios maiores, como a catedral, é preciso desmontar as paredes e colunas uma a uma e reconstruí-las, tijolo a tijolo, na cidade nova.
O que eles começaram do zero – e já terminaram – foi todo o sistema de tubulação e de canos.
“Isso é algo que, agora, pode ser projetado de forma muito melhor”, explica Cars. “No passado havia uma tubulação para cada coisa, agora temos um túnel muito grande por onde passam os sistema de água potável, eletricidade, água quente, resíduos, fibra ótica.”
Além disso, como parte da estratégia ambiental, eles planejam aproveitar o desperdício energético da mina.
“Para produzir ferro, é preciso submetê-lo a altas temperaturas para separar o mineral da rocha. Agora, o excesso de energia que sai pelas chaminés será usado para esquentar água na cidade”.
Este tipo de iniciativa permitirá uma economia de 30% da energia usada.
“As construções novas também estarão mais isoladas (do frio). As casas construídas nos anos 1950 e 1960 não eram muito ecológicas e consumiam muita energia.”
Quem financia o projeto?
Talvez o mais surpreendende deste projeto é que, apesar de estar sendo coordenado pela prefeitura, o governo local não está colocando nem um centavo.
Cabe à mineradora cobrir a maior parte dos gastos, e ela está colocando US$ 2,25 bilhões, enquanto indústrias do setor privado entram com outro US$ 1,1 bilhão.
Segundo o urbanista, quando a mineradora teve de decidir se fechava a mina ou continuava com a atividade e pagava uma compensação, concluíram que seria mais barato cobrir os gastos da mudança de lugar da cidade.
“Além disso, como é uma cidade em expansão – porque não há apenas mineração, mas também indústria turística e espacial -, aqui há uma demanda por construções novas.”
No início do projeto, os especialistas estimaram que as rachaduras no subsolo fariam com que, por volta de 2050, toda a cidade afundasse. Por isso, trabalha-se para que toda a cidade esteja no novo local até 2040.
O primeiro passo será mover o Centro, com a sede da prefeitura, igreja, hospitais e colégio, e pouco a pouco transladar o resto da infraestrutura.
No lugar onde hoje residem mais de 20 mil pessoas, haverá uma zona verde para moradores e visitantes.
“Não queríamos ficar com uma cidade fantasma ou um terreno de escombros”, conclui Cars.