Thereza Felipelli
No final da tarde do último sábado, cerca de 200 pessoas, moradores de São Sebastião e Ilhabela, participaram do II Manifesto contra a ampliação do Porto de São Sebastião. A concentração aconteceu em frente à Capitania dos Portos, na Rua da Praia, no centro da cidade. Os manifestantes realizaram uma marcha que saiu da Avenida Altino Arantes, seguiu pelo Centro Histórico e culminou na entrada do Porto. Ali, os manifestantes sentaram e conversaram sobre o que esperam para a região.
O evento foi idealizado por um grupo com cerca de 60 caiçaras de São Sebastião e Ilhabela e também por alguns frequentadores do Litoral Norte. Tudo foi feito através da internet em dois grupos.
Os manifestantes justificam a iniciativa em razão de possíveis impactos que a ampliação do Porto sebastianense trará. Segundo eles, tal ampliação levaria a um crescimento desordenado à região que já sofre com diversos problemas como construções irregulares desmatamento da Mata Atlântica, péssimas condições de saneamento, lixo, tráfico de drogas, prostituição nos entornos portuários, entre outros.
Segundo uma das articuladoras do movimento, Malu Moreira, 51 anos, organizadora do programa Terra Deusa, o manifesto resume-se a uma convergência de cidadãos que acreditam que a sociedade se transforma a partir dessa postura diante das crenças que temos com relação a nossa paisagem no Litoral Norte. “E nessa convergência estávamos presentes para colocar nosso desagrado com relação a essa obra que não vai trazer benefício nenhum pro município”, diz. “Estávamos juntos para nos reconhecermos como cidadãos que acreditam que os nossos potenciais para crescimento são outros, como o ecoturismo e a economia criativa”, continua Malu.
Impactos
Ainda de acordo com Malu, a ampliação do porto geraria impactos muito grandes e a cidade não tem condição de absorver toda a carga populacional que vem atraída por essa obra. “Nossa região é um patrimônio natural tombado pela Unesco, concentra 30% do que restou de mata atlântica no país. Temos uma jóia do planeta nas mãos e não podemos continuar apoiando, seja aqui ou em qualquer lugar com essas características, essa destruição. Esse desenvolvimento não nos serve”, analisa. “Temos 80% de área de preservação e devemos trabalhar questões de sustentabilidade, fazendo um trabalho de cooperação com natureza”, complementa.
O primeiro manifesto ocorreu em março, em Ilhabela e contou com cerca de 500 pessoas. Uma terceira passeata deve ocorrer no mês de junho.