Para que esses olhos tão grandes?
O reconhecimento facial é uma boa notícia para a polícia, mas uma má notícia para os amantes da privacidade
Bem-vindo à China, a terra do monitoramento por vídeo. A província de Guangdong ostenta mais de 1 milhão de câmeras. Em 2010, a cidade de Chongqing, governada pelo agora proscrito Bo Xilai, encomendou meio milhão delas. Outras províncias contam com centenas de milhares, de acordo com a ONG Human Rights in China. O monitoramento por vídeo constitui mais da metade da enorme indústria de segurança do país, e deve atingir a cifra de US$ 79 bilhões em 2015. A China vai superar em breve a Inglaterra, que tem cerca de 3 milhões de câmeras, como a capital mundial do monitoramento por vídeo.
Contudo, a China está longe de estar sozinha. Em muitas democracias as câmeras de monitoramento por vídeo também estão se multiplicando. E a tecnologia de reconhecimento facial está se revelando uma maravilha tanto para os governos como para os fornecedores.
Uma cadeia no Alabama usa esta tecnologia para checar o histórico de presos que estão sendo liberados. As prisões mexicanas a usam para identificar visitante. O aeroporto de Heathrow está instalando sistemas para acompanhar a movimentação de passageiros por salas de espera até que entrem no avião. O Brasil tem planos para equipar a polícia com óculos com lentes que podem identificar arruaceiros para a Copa de 2014.
Quanto aos negócios, uma empresa francesa, a Quividi, pode identificar a idade e o sexo de transeuntes que se demoram em frente a um anúncio, de modo que o anúncio pode variar conforme quem está olhando. Um serviço chamado SceneTap dá informações semelhantes sobre o público de bares em Chicago. O sorriso dos funcionários da Ferrovia Expressa Elétrica Keihin é monitorado por computadores. O Facebook, uma rede social, reconhece fotos carregadas. Os smartphones mais novos podem reconhecer seus usuários.
Mais câmeras e uma tecnologia de reconhecimento facial melhor levantam complicadas questões políticas e legais. Ainda assim, até mesmo governos democráticos vão querer monitorar as pessoas à medida que a tecnologia seja aprimorada. Mas a perda da anonimidade pública pode afetar a vida política. A liberdade de expressão é reduzida quando o mero comparecimento a protestos pode ser registrado. Kelly Gates, autora de um livro sobre monitoramento, percebe um “efeito arrepiante”.