O mercado de carros novos apresentou melhora nas vendas na primeira quinzena de maio, mas o setor segue preocupado com os altos estoques, que superam 40 dias de vendas. Segundo executivos das montadoras, o resultado deste mês, até o momento, é consequência das promoções que as marcas estão realizando, como a oferta de juro zero no financiamento.
Até terça-feira, foram licenciados em todo o País 139,7 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, alta de 5,8% em relação a igual período de abril e de 1,4% na comparação com a primeira metade de maio do ano passado. O comparativo leva em conta o número de dias úteis – dez na primeira quinzena de maio deste ano e de 2011, e nove para a primeira metade de abril.
Segundo dados do mercado, no acumulado de janeiro até terça-feira as vendas atingiram 1,216 milhão de veículos, 2,9% a menos que o volume de igual período de 2011. Já a média de vendas por dia útil (93 neste ano e 91 no ano passado), apresenta queda de 5%, com 13.076 unidades ante 13.760 no ano passado.
A indústria trabalha com “cenário difícil” para os próximos três meses, e uma possível retomada mais consistente das vendas a partir de agosto, mas isso se os bancos destravarem a concessão de crédito, principal queixa das fabricantes.
Nesta semana, dirigentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) se reuniram duas vezes com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para pedir a intervenção do governo junto aos bancos, que travaram o crédito por causa da alta inadimplência.
Na semana passada, a mesma reivindicação foi levada ao governo pelo comando do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, preocupado com a onda de medidas de corte de produção adotada pelas montadoras da região, como férias coletivas e redução da jornada. A Anfavea nega que esteja reivindicando do governo corte de impostos neste momento.
“Pedimos que ele (Mantega) pressione o sistema bancário para flexibilizar mais o crédito”, disse na segunda-feira o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini. “Ou você tem crédito ou então não tem condições.”
Anfavea e sindicato esperam que o governo anuncie alguma medida ainda este mês.
Nesta quarta-feira, a Fiat comunicou aos funcionários da fábrica de Betim (MG) que fará uma “parada técnica” na segunda e na terça-feira. Cerca de 15% da linha de produção não vão operar nos dois dias e parte dos funcionários ficará em casa. A empresa afirma, contudo, tratar-se de “ajustes normais na linha de montagem”.
A Volkswagen, que já cortou dias de trabalho nas últimas duas semanas, pode adotar férias coletivas em junho para algumas linhas, segundo informações de sindicalistas.
Liderança. Na primeira quinzena de maio a Fiat perdeu a liderança em vendas para a General Motors, que encerrou o período com participação de 21,58% nas vendas de automóveis e comerciais leves, ante 21,24% da Fiat. A Volkswagen ficou em terceiro lugar, com 19,71%.
O Gol, porém, continua como modelo mais vendido, com 9 mil unidades, 1,5 mil à frente do Uno, segundo colocado.