EQUILÍBRIO
Ilha das Cinzas é exemplo de sustentabilidade
Jornal ‘Le Monde’ faz matéria destacando equilíbrio da população local com a natureza
Uma pequena ilha situada no meio do rio Amazonas que possui tudo do paraíso original. É assim que uma matéria do Le Monde, publicada nesta sexta-feira, 1, descreve a Ilha das Cinzas situada na fronteira entre o Pará e o Amapá.
O jornal destaca a sustentabilidade do local, onde o homem soube viver em equilíbrio com a natureza, mantendo a floresta intacta, onde a água é filtrada e reciclada e a agricultura é coordenada e supervisionada. “A Ilha das Cinzas poderia ser o exemplo do casamento de sucesso entre a atividade humana e seu santuário”, escreve o Le Monde.
O artigo conta que a ocupação do local se deu por volta dos anos 20 ou 30, quando algumas famílias chegaram para ocupar partes da terra sem documentos ou títulos de habitação, atraídas pelos recursos da ilha: o comércio de madeira e, sobretudo, a pesca. A comunidade local cresceu e hoje tem cerca de 350 pessoas. No início, a economia era voltada para a cultura de camarões brancos dos manguezais e a venda de palmitos de açaí complementava a renda.
No começo dos anos 90, a economia da ilha enfrenta problemas devido à queda de produção do camarão, que se reproduz pouco, e com as quedas nos preços do palmito e na popularidade do suco de açaí. A instalação de uma grande madeireira colocou em risco o equilíbrio do local, mas ela acabou fechada por fraude em contratos. Com a Cúpula da Terra em 1992, a ideia de desenvolvimento sustentável se consolida e ONGs investem em iniciativas sustentáveis.
Jorge Pinto, um engenheiro agrônomo, visita a ilha em 1996 para estudar a atividade agrícola e desenvolve um programa especializado junto com a FASE, ONG ambientalista da qual faz parte. Ao fim de um ano, a comunidade local decide fazer uma modificação nos macapis, estruturas usadas para a criação dos camarões, que permitiu uma melhor reprodução da espécie.
Além disso, adotaram uma diminuição do número de macapis por família, de 120 para 75 que não diminuiu a colheita e permitiu um ganho de 20% no tempo de trabalho, que passa a ser utilizado então para a colheita de açaí. A exploração de madeira também passa por melhorias, sendo organizada de acordo com regras que levam em conta o tamanho, o diâmetro e o espaçamento das árvores. “Nosso modo de vida se tornou muito organizado”, ressalta Francisco, nativo da ilha diplomado por curso à distância em gestão financeira.
Com o aumento da popularidade do açaí nos anos 2000, os preços aumentam e o cultivo passa a garantir a sobrevivência dos habitantes da ilha. “Hoje com todas as atividades juntas, nós ganhamos cerca de 1400 reais por mês”, conta Neide Maledos, uma das líderes da região. Todas as decisões da comunidade são tomadas coletivamente.
A criação de uma associação para interlocução privilegiada junto às autoridades leva, depois de muitas negociações, à concessão do direito de uso das terras aos habitantes de ilha em 2007. A decisão, sublinha o Le Monde, é importante e muito simbólica. “Não confere o título de propriedade, mas assegura o reconhecimento do trabalho dos habitantes e de sua existência na ilha”. Em 2011, a comunidade recebe das mãos da presidente Dilma Rousseff o prêmio de melhor “inovação tecnológica e social”.
O jornal termina ressaltando a existência de regras coletivas sobre a terra de uso comum, ainda que eles não façam negócios coletivamente. “É um equilíbrio frágil”, afirma Jorge Pinto.
O jornal destaca a sustentabilidade do local, onde o homem soube viver em equilíbrio com a natureza, mantendo a floresta intacta, onde a água é filtrada e reciclada e a agricultura é coordenada e supervisionada. “A Ilha das Cinzas poderia ser o exemplo do casamento de sucesso entre a atividade humana e seu santuário”, escreve o Le Monde.
O artigo conta que a ocupação do local se deu por volta dos anos 20 ou 30, quando algumas famílias chegaram para ocupar partes da terra sem documentos ou títulos de habitação, atraídas pelos recursos da ilha: o comércio de madeira e, sobretudo, a pesca. A comunidade local cresceu e hoje tem cerca de 350 pessoas. No início, a economia era voltada para a cultura de camarões brancos dos manguezais e a venda de palmitos de açaí complementava a renda.
No começo dos anos 90, a economia da ilha enfrenta problemas devido à queda de produção do camarão, que se reproduz pouco, e com as quedas nos preços do palmito e na popularidade do suco de açaí. A instalação de uma grande madeireira colocou em risco o equilíbrio do local, mas ela acabou fechada por fraude em contratos. Com a Cúpula da Terra em 1992, a ideia de desenvolvimento sustentável se consolida e ONGs investem em iniciativas sustentáveis.
Jorge Pinto, um engenheiro agrônomo, visita a ilha em 1996 para estudar a atividade agrícola e desenvolve um programa especializado junto com a FASE, ONG ambientalista da qual faz parte. Ao fim de um ano, a comunidade local decide fazer uma modificação nos macapis, estruturas usadas para a criação dos camarões, que permitiu uma melhor reprodução da espécie.
Além disso, adotaram uma diminuição do número de macapis por família, de 120 para 75 que não diminuiu a colheita e permitiu um ganho de 20% no tempo de trabalho, que passa a ser utilizado então para a colheita de açaí. A exploração de madeira também passa por melhorias, sendo organizada de acordo com regras que levam em conta o tamanho, o diâmetro e o espaçamento das árvores. “Nosso modo de vida se tornou muito organizado”, ressalta Francisco, nativo da ilha diplomado por curso à distância em gestão financeira.
Com o aumento da popularidade do açaí nos anos 2000, os preços aumentam e o cultivo passa a garantir a sobrevivência dos habitantes da ilha. “Hoje com todas as atividades juntas, nós ganhamos cerca de 1400 reais por mês”, conta Neide Maledos, uma das líderes da região. Todas as decisões da comunidade são tomadas coletivamente.
A criação de uma associação para interlocução privilegiada junto às autoridades leva, depois de muitas negociações, à concessão do direito de uso das terras aos habitantes de ilha em 2007. A decisão, sublinha o Le Monde, é importante e muito simbólica. “Não confere o título de propriedade, mas assegura o reconhecimento do trabalho dos habitantes e de sua existência na ilha”. Em 2011, a comunidade recebe das mãos da presidente Dilma Rousseff o prêmio de melhor “inovação tecnológica e social”.
O jornal termina ressaltando a existência de regras coletivas sobre a terra de uso comum, ainda que eles não façam negócios coletivamente. “É um equilíbrio frágil”, afirma Jorge Pinto.