Para ONU, “todo mundo ficou um pouco infeliz, mas é um bom consenso”
Chefe de Comunicação do Secretariado da Rio+20, Nikhil Chandavarkar diz que documento é um marco para a ação
Raphael Gomide e Maria Fernanda Ziegler
A avaliação da ONU sobre o documento da Rio+20, aprovado pelas delegações nesta terça-feira (19), é de que “todo mundo ficou um pouco infeliz, mas é um bom consenso”, nas palavras do chefe de Comunicação do Secretariado da Rio+20, Nikhil Chandavarkar.
Sobre críticas da sociedade civil de que o documento é “fraco”, Chandavarkar afirmou que este “é o papel da sociedade civil, o de criticar e nos lembrar dos problemas”. Segundo ele, porém, o documento “é um marco para a ação e já apresenta muitas ações concretas”.
“Todo consenso é desse jeito, ninguém vai estar 100% feliz, todo mundo precisa ceder”, afirma Chandavarkar. Entre os diplomatas e negociadores é comum dizer que uma decisão só será considerada boa quando todos saírem da sala, insatisfeitos. De alguma forma foi o que aconteceu nesta terça-feira.
Claudia Salerno, chefe da delegação da Venezuela, foi taxativa. “O documento é um reflexo de quão prontos estamos.” Claudia, no entanto, acredita que o documento sai fortalecido principalmente no que se refere à economia verde. “O modelo foi apresentado como uma ferramenta voluntária e soberana e não como uma imposição.”
De acordo com Chandacarkar, as maiores reclamações e descontentamento vieram da União Europeia e dos países africanos, que desejavam ver o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) fortalecido e com o status elevado ao nível de agência especial.
Mesmo assim, o ministro alemão do Meio Ambiente, Peter Altmaier, saiu da plenária em que foi aprovado o documento colocando panos quentes. “Basicamente é positivo. Esta proposta é a melhor que foi colocada à mesa.”
Cláudio Moretti, da ONG ambientalista WWF-Brasil, afirma que o documento é um fracasso . “Ou reconhece conquistas do passado, ou joga decisões para o futuro.”