EIA/Rima da atividade de perfuração do Pré-Sal é discutido durante audiência pública em Caraguá
Josiane Carvalho
Técnicos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) apresentaram, na noite da última quarta-feira, para uma plateia de cerca de 50 pessoas o resultado do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto do Meio Ambiente (EIA/Rima) para as atividades de perfuração de cinco poços em sequência executados pela empresa australiana Karoon dentro da área de abrangência da Bacia de Santos.
O cronograma de audiências cumpre o papel determinado pela legislação brasileira para a concessão da licença ambiental que permite a exploração petrolífera.
Durante o evento, representantes da empresa Karron, companhia privada australiana no setor de óleo e gás, forneceram detalhamentos das atividades da exploração marítima e da perfuração.
De acordo com o estudo, o cronograma de atividades foi iniciado em abril passado e se estenderá até janeiro do ano que vem. O período estimado para cada um dos poços é de cerca de dois meses, incluindo as fases de instalação e retirada dos equipamentos.
Ainda segundo os representantes da empresa este estudo reflete simplesmente no fato de perfurar os poços para fazer análise do material e, caso seja realmente encontrado petróleo, outro EIA/Rima será elaborado para somente então iniciar o processo de exploração e isto só será realizado possivelmente no início de 2013.
“Se descobrirmos petróleo ou gás, a empresa poderá realizar o teste de formação, uma importante ferramenta para avaliar a produtividade do reservatório verificando se ele é economicamente viável ou não”, explicou o técnico da empresa.
Com relação aos impactos ambientais no Litoral Norte, a empresa que elaborou o EIA/Rima garante que a perfuração em si, aparentemente não irá afetar a região tendo em vista que a plataforma está bastante distante da costa. A única possibilidade é o aumento no fluxo de embarcações entre o litoral fluminense e o paulista, já que a rota destes navios entre a base de apoio em terra, localizada em Niterói (RJ) e a bacia em si passa pelo litoral de São Paulo, mas em uma área onde não há a possibilidade de determinar os municípios costeiros como integrante desta área de influência.
Na avaliação da ambientalista da Agenda 21, Ana Lídia, a pouca participação da população neste tipo de reunião deve-se ao fato de ser um estudo apenas para a atividade de perfuração e que ainda não acarretará nenhum investimento nas cidades da região. “Confesso que fiquei um pouco espantada com a baixa participação da população. Levando em conta que a maioria das pessoas era de funcionários da própria empresa, acredito ter apenas 10% de pessoas interessadas no tema. Além disso, os termos são muito técnicos e não é para qualquer um entender mesmo”.
Prefeito
Entre os presentes estava o candidato ilhéu à reeleição, Toninho Colucci, idealizador da criação da Amprogás (Associação dos Municípios Produtores de Gás Natural, Petróleo, Possuidores de Gasodutos, Oleodutos, Área de Tancagem e Estação de Bombeamento do Estado de São Paulo), que contribuiu para a elevação dos royalties de petróleo de muitas cidades paulistas, entre elas, Ilhabela.“Um prefeito tem que pensar sempre em trazer novos recursos para sua cidade e conseguimos a elevação dos royalties, que são fundamentais para Ilhabela”,ressalta Colucci.
A audiência promovida pelo Ibama dentro do processo de licenciamento ambiental tratou de cinco novos poços de petróleo localizados a 239km de Ilhabela. “Hoje, nossa Ilhabela vive um momento de investimentos e realizações em todos os setores e nossa gente sente esta diferença. Por isso é que cada vez mais vou buscar recursos para investir e levar sempre mais qualidade de vida à população”, complementa.
A empresa
A Karoon é uma companhia australiana de Exploração e Produção (E&P) de petróleo e gás, que pretende desenvolver sua primeira operação exploratória no país. O objetivo principal da empresa é detectar a presença de óleo e gás natural na área geográfica dos Blocos BM – S-61 , BM S-62; BM S-68; BM – S- 69 e BM –S- 70, na Bacia de Santos, e explorar mediante autorização ou concessão da Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em setembro de 2010 a Petrobras fez acordo com a australiana para vender parte de dois blocos da estatal na bacia de Santos. A empresa adquiriu 20% dos prospectos localizados na bacia, onde a estatal brasileira descobriu reservas gigantes na camada do pré-sal. A empresa é subsidiária da Karoon Gas Australia.