MUNDO
O planejamento familiar retorna à ordem do dia do desenvolvimento sócio-econômico internacional
Embora as legislações nacionais sejam diferentes entre si – contraceptivos são encorajados em alguns lugares, banidos em outros – doadores internacionais têm evitado a questão ao longo das duas últimas décadas. A última grande conferência de planejamento familiar da ONU aconteceu no distante ano de 1994. A política americana é em parte responsável por isso. Em 1984, Ronald Reagan cancelou o financiamento federal a grupos que realizavam abortos ou defendiam a prática. Administrações do partido democrático rescindiram tais cancelamentos, que por sua vez foram ressuscitados pelos republicanos.
“Após 20 anos de negligência”, afirma John May do Centre for Global Development, um centro de estudo em Washington, DC, “o planejamento familiar está de volta”.
Apesar de a maioria do mundo, incluindo muitos países em desenvolvimento, terem experimentado uma queda de fertilidade e uma diminuição da família (em parte devido à disponibilidade de métodos contraceptivos), alguns lugares não pegaram o bonde da revolução demográfica. Mais de quatro quintos das mulheres têm acesso a planejamento familiar no oeste da Ásia, mas no Oriente Médio e na maior parte da África subsaariana tais práticas atingem menos da metade das mulheres. Na África central e ocidental, esse grupo é de apenas um décimo das mulheres.
Trata-se de um grupo substancioso de retardatários. Cerca de uma a cada sete pessoas do mundo vivem em países em que a taxa de natalidade é de 4,0 ou maior. Como May assinala, a maior parte dos 48 países mais pobres do mundo estão nesta categoria e a ONU estima que a população destes dobrará dos 850 milhões em 2010 para 1,7 bilhões em 2050. Esse crescimento populacional não é de todo deliberado. Em países onde famílias grandes são a norma, a maioria dos pais afirma que gostariam de ter menos filhos. Fornecer métodos contraceptivos “depende de ouvir o que os país querem”, escreveram os primeiros ministros da Etiópia e de Ruanda no Lancet, um periódico de medicina.
As medidas anticoncepcionais também acarretam benefícios de saúde diretos. O Instituto Guttmacher calcula que haverá cerca de 80 milhões de gestações indesejadas em países em desenvolvimento neste ano, o que resultará em 40 milhões de abortos, 10 milhões de abortos naturais – e 100.000 mortes maternas, 800.000 concepções de natimortos e 600.000 mortes infantis. Tornar os métodos contraceptivos universalmente disponíveis, argumenta o instituto, reduziria o número de concepções não desejadas em 66%, o que resultaria em 26 milhões de abortos e 21 milhões de gestações não planejadas a menos. Isso faz com que o planejamento familiar seja eficiente em termos de custo. O estudo do Instituto Guttmacher estima que cada US$ 1 gasto por países em desenvolvimento em métodos contraceptivos modernos faria com que países em desenvolvimento economizassem US$ 1,40 em assistência médica a mães e recém-nascidos – sem mencionar o sofrimento que é evitado. O planejamento familiar, afirma Cleland, do Instituto Guttmacher, “tem que ser uma das intervenções prioritárias para a saúde materna, sobrevivência neonatal e mortalidade infantil”.
“Após 20 anos de negligência”, afirma John May do Centre for Global Development, um centro de estudo em Washington, DC, “o planejamento familiar está de volta”.
Apesar de a maioria do mundo, incluindo muitos países em desenvolvimento, terem experimentado uma queda de fertilidade e uma diminuição da família (em parte devido à disponibilidade de métodos contraceptivos), alguns lugares não pegaram o bonde da revolução demográfica. Mais de quatro quintos das mulheres têm acesso a planejamento familiar no oeste da Ásia, mas no Oriente Médio e na maior parte da África subsaariana tais práticas atingem menos da metade das mulheres. Na África central e ocidental, esse grupo é de apenas um décimo das mulheres.
Trata-se de um grupo substancioso de retardatários. Cerca de uma a cada sete pessoas do mundo vivem em países em que a taxa de natalidade é de 4,0 ou maior. Como May assinala, a maior parte dos 48 países mais pobres do mundo estão nesta categoria e a ONU estima que a população destes dobrará dos 850 milhões em 2010 para 1,7 bilhões em 2050. Esse crescimento populacional não é de todo deliberado. Em países onde famílias grandes são a norma, a maioria dos pais afirma que gostariam de ter menos filhos. Fornecer métodos contraceptivos “depende de ouvir o que os país querem”, escreveram os primeiros ministros da Etiópia e de Ruanda no Lancet, um periódico de medicina.
As medidas anticoncepcionais também acarretam benefícios de saúde diretos. O Instituto Guttmacher calcula que haverá cerca de 80 milhões de gestações indesejadas em países em desenvolvimento neste ano, o que resultará em 40 milhões de abortos, 10 milhões de abortos naturais – e 100.000 mortes maternas, 800.000 concepções de natimortos e 600.000 mortes infantis. Tornar os métodos contraceptivos universalmente disponíveis, argumenta o instituto, reduziria o número de concepções não desejadas em 66%, o que resultaria em 26 milhões de abortos e 21 milhões de gestações não planejadas a menos. Isso faz com que o planejamento familiar seja eficiente em termos de custo. O estudo do Instituto Guttmacher estima que cada US$ 1 gasto por países em desenvolvimento em métodos contraceptivos modernos faria com que países em desenvolvimento economizassem US$ 1,40 em assistência médica a mães e recém-nascidos – sem mencionar o sofrimento que é evitado. O planejamento familiar, afirma Cleland, do Instituto Guttmacher, “tem que ser uma das intervenções prioritárias para a saúde materna, sobrevivência neonatal e mortalidade infantil”.