Antonio Carlos se reúne com trabalhadores e Teto Engenharia garante pagamento de funcionários das obras até sexta-feira
Antonio Carlos coloca nariz de palhaço de um dos trabalhadores e diz: “Olha a cara que eu fico diante desta empresa e de vocês”, brincou
Josiane Carvalho
O prefeito de Caraguatatuba, Antonio Carlos da Silva (PSDB), estipulou o prazo de até a próxima sexta-feira para que a empresa Teto Engenharia – vencedora da licitação para a construção de prédios públicos na cidade – faça o pagamento dos cerca de 150 funcionários que estão, segundo os representantes do Sindicato da Construção Civil, há cerca de 35 dias sem receber os vencimentos.
O prazo ficou determinado durante uma reunião, realizada no final da tarde da última sexta-feira, entre os representantes do sindicato, uma comissão de trabalhadores, o prefeito e os representantes da construtora. “Procuramos a empresa, ficamos o dia todo em reunião para tentar achar a melhor alternativa e garantir o direito dos trabalhadores. Agora, eles terão este prazo para fazer os acertos e, se tudo ocorrer dentro do combinado, eles (empresa) podem até continuar tocando a obra até o final caso contrário, nós podemos até chegar a cancelar o contrato”, avaliou Silva.
Segundo o diretor de obra da empreiteira Teto Engenharia Luiz Fernando, a dificuldade financeira surgiu após o descumprimento de pagamentos ligados a outras prefeituras onde a construtora também toca obras públicas no Estado. “A Prefeitura de Caraguatatuba está em dia com o seus pagamentos, mas, infelizmente há outros municípios que estão nos devendo por conta disso estamos enfrentando certa dificuldade financeira”, afirmou o diretor de obras Luiz Fernando.
Luiz Fernando explicou que estão sendo executadas cinco obras no total, três na construção de Centros de Educação Infantil (CEI’s) e duas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Mesmo com a saída da maioria dos funcionários, o diretor não descarta a possibilidade de precisar contratar mais trabalhadores para não prejudicar a entrega dos prédios. “A maioria das obras já está em fase final onde a mão-de-obra fica por conta de empresas terceirizadas, como é o caso de serviços de vidraçaria, pintura, acabamento. Por conta disso, ainda não sabemos se haverá a necessidade de novas contratações para terminar a obra. O prazo mínimo para estes prédios ficarem prontos deve ser de 40 dias, no caso das unidades de saúde e 30 dias para as creches”, calculou.
Para dar andamento no processo de acerto das contas, a diretoria do Sindicato se comprometeu a juntar a documentação necessária e a listagem com o nome de todos os funcionários que deixarão os canteiros das obras. “Vamos providenciar esta lista na segunda-feira e entregá-la a procuradora da Prefeitura que irá nos ajudar com este processo. Agora mais do que nunca é de nosso interesse resolver a vida dos trabalhadores e ajuda-los na garantia dos direitos trabalhistas”, comentou o secretário geral do sindicato Erlon Oliveira. Para o sindicalista a avaliação das negociações foi bastante positiva. “Fizemos uma manifestação na quarta e outra hoje (sexta) e o mais importante é que o prefeito se dispôs a nos ouvir e principalmente intermediar junto à empresa. Daqui para a frente nós continuaremos verificando as ações da empreiteira e garantindo o direito dos trabalhadores como sempre fizemos”, afirmou Oliveira.
A reunião com os empresários foi convocada pelo próprio prefeito depois de uma conversa com os trabalhadores que, mais uma vez, foram até a porta da Prefeitura, na sexta-feira de manhã, cobrar explicações do Executivo Municipal.
Na ocasião, Silva apresentou as planilhas de pagamento e confirmou que por parte da Prefeitura de Caraguá não há nenhuma pendência com a empresa. “O problema da Teto é que eles pegaram obras em várias cidades deixaram de receber de algumas delas e não tiveram fôlego para cumprir os compromissos com vocês (operários) e o pior com uma Prefeitura que está em dia com os pagamentos”, afirmou.
Silva se sensibilizou com a situação dos funcionários que, inclusive, disseram estar enfrentando problemas com a justiça por pagamento de pensão alimentícia, por exemplo. “Eu quero me colocar a disposição para aqueles trabalhadores que tiverem problemas com a justiça, por causa do atraso do pagamento da pensão, possa vir até a prefeitura colocaremos nossos técnicos a disposição para conversar com as mulheres destes trabalhadores e tentar expor a situação”, completou.
Ainda segundo o prefeito a paralisação das obras e a alteração no cronograma de entrega dos serviços geram um problema muito grande não só para os trabalhadores, mas, principalmente para a Prefeitura que conta com a entrega dos prédios públicos para garantir o atendimento da população. “Todo este atraso pode gerar um problema maior para a Prefeitura que deixa de prestar o serviço necessário para a população. Isso nos preocupa muito, mas, infelizmente não posso escolher a empresa que vai prestar serviços para o Poder Público por conta de uma legislação que determina a realização de processos licitatórios e é justamente isso que fazemos aqui e empresas do Brasil inteiro participam da concorrência pública”, explicou.
Foto: Marcelo Souza/IL