Antonio Carlos quer duplicação de rodovia e moradia popular
“Nossa meta é construir Ceis em todos os bairros. Este é um compromisso que tenho para atender as crianças de três meses a quatro anos nas creches municipais porque nossa demanda chega a mais de 1 mil
Mara Cirino
Antonio Carlos da Silva (PSDB) está em seu quarto mandato como prefeito de Caraguatatuba, um fato inédito. Comerciante bem sucedido em Lorena, no Vale do Paraíba, também desenvolveu negócios no município litorâneo para onde se mudou e passou a fazer parte da mudança que a cidade apresentou desde o final da década de 90. Apesar de ser reconhecido como o prefeito que mais tem feito por Caraguá, de levar a cidade rumo ao desenvolvimento, nesta entrevista ao Imprensa Livre ele confessa que há muito mais a ser feito.
Por isso, nessa nova gestão quer dar ênfase a uma área que sempre o preocupou e o frustrou nas três últimas gestões: a construção de moradias populares. Os primeiros passos já foram dados e na semana passada ele assinou com o governo do Estado convênio para o início da construção de mais 500 moradias na região do Jetuba, no lado norte. Em dezembro passado já havia assinado para outras 720 no bairro Travessão, região sul. Também adianta que sua luta agora é para a duplicação do trecho entre a Massaguaçu e a cidade de Ubatuba.
Tem como aliado o fato de fazer parte do partido do governo do Estado e acesso fácil ao Palácio dos Bandeirantes. Determinado como se apresenta, ele afirma que vai em frente com sua luta, como tem feito pelo Hospital Regional e o Aterro Regional, além dos contornos ligando o município a São Sebastião, pelo Sul, e Ubatuba, pelo norte.
Imprensa Livre: Já em seu quarto mandato, como o senhor avalia a última gestão?
Antonio Carlos da Silva: a sensação é de não conseguir fazer quase nada do que gostaria. A vontade de fazer era grande e as necessidade também, mas sempre esbarrando em alguma coisa, alguma dificuldade. Mas acho que nós avançamos muito, dentro do que foi proposto.
IL: O que o senhor deixou de fazer e que acha primordial?
ACS: Moradia popular. Este foi um setor que muito me frustrou nos meus três mandatos anteriores, por ter feito pouca casa, mas acredito que agora vamos conseguir essas habitações para a população que recebe de zero a três salários mínimos (valor atual de R$ 678). Sempre que pude estive na Secretaria de Habitação, CDHU (Companhia de Desenvolvimento habitacional Urbano) cobrando recursos para o município. O resultado foi que em dezembro passado assinamos convênio com a CDHU e a Caixa Econômica Federal (CEF) para a construção de 720 unidades do Travessão e agora mais 500 na região do Jetuba. Falta mais, mas vamos continuar em busca de recursos e financiamento.
IL: Além da moradia popular, o que o senhor considera fundamental para o município?
ACS: Minha luta agora será a busca da duplicação da rodovia Rio-Santos (SP-55) no trecho da Massaguaçu a Ubatuba. O País precisa de desenvolvimento para a geração de emprego e renda. O Litoral Norte é um patrimônio turístico, não só para São Paulo, mas para o Brasil. Demorar seis horas para fazer a ligação desse trecho é um absurdo. Quero propor uma caminhada que reúna cerca de 10 mil pessoas para chamarmos a atenção do Governo do Estado no intuito de garantir as obras de duplicação do trecho da rodovia. Não podemos deixar esta ligação do jeito que está, é preciso uma ação urgente do Estado para melhorar as condições da via. Essa duplicação é uma coisa nova, mas possível para que seja feita pelo governo do Estado. Espero que o governo faça, e essa será mais uma grande conquista. Para ele não é nada, mas para nós é muita coisa.
IL: O que o senhor considera como destaque na administração passada?
ACS: A construção dos Cides (Centros Integrados de Desenvolvimento Educacional). Desconheço outra cidade da região ou do Vale que conte com esse tipo de estrutura. Os Cides contam com mais de 10 mil m2. Todos eles têm piscina semi-olímpica, escola com laboratório de informática, CEI (Centro de Educação Infantil), posto de saúde. Serão prédios inteligentes e todas as lousas serão digitais. A criança será atendida em período integral em todas as faixas etárias. Vai entrar de manhã e sair à tarde. Os novos prédios da saúde também são diferenciados e vão mudar de vez a cara da saúde em Caraguatatuba.
IL: Por falar em Cides, no ano passado o senhor enfrentou problemas com a construtora que deixou de cumprir seus compromissos com os funcionários e houve atraso nas obras. Como ficou a situação?
ACS: Nós (prefeitura) pagamos a construtora e houve um problema administrativo. Mas em reunião com os representantes do sindicato dos trabalhadores e da construtora a situação foi contornada. Agora queremos inaugurar o do Casa Branca no final deste mês e do Tinga e Travessão até março, quando é comemorado o aniversário de Caraguatatuba.
IL: Um ponto tocado durante a campanha de 2012 foi a falta de vagas em creches. O que o senhor tem para este setor?
ACS: Nossa meta é construir Ceis em todos os bairros. Este é um compromisso que tenho para atender as crianças de três meses a quatro anos nas creches municipais porque nossa demanda chega a mais de 1 mil crianças fora das creches. Isso é um problema a mais para as mães que precisam trabalhar e não têm onde e com quem deixar seus filhos.
IL: A área de saúde ainda é a mais criticada pela população. Como resolver ou melhorar esse problema?
ACS: Realmente, o setor que sempre é mais desgastante é a saúde. Isso é assim no Brasil inteiro. Construímos o Centro de Especialidades Médicas (CEM), com quase 3 mil m2, que inclui centro médico, oftalmológico, reabilitação e odontológico e o novo Pronto-Socorro Municipal (Unidade de Pronto Atendimento) que vamos entregar, em breve. Também trabalhamos para melhorar as estruturas das unidades de saúde e ainda estamos na luta para a construção do Hospital Regional no Litoral Norte.
IL: Por falar em Saúde, o senhor acredita hoje na possibilidade de o Hospital Regional ser construído no município ou deve ser feita adaptação na Casa de Saúde Stella Maris?
ACS: Conseguir o Hospital Regional, como já foi confirmado pelo governador (Geraldo Alckmin), é uma conquista para o Litoral Norte, por que são mais de 500 pessoas transportadas para hospitais do Vale do Paraíba e capital a um custo muito grande e desgaste para os pacientes. O que se discute, quanto ao hospital é que o ideal, de imediato, é que se faça um novo convênio até que o Regional fique pronto, o que deve demandar de três a quatro anos.
Com relação à construção no município – em uma disputa direta como São Sebastião – entendo que Caraguá é o Centro do Litoral Norte, está melhor localizada até para atender pacientes das quatros cidades da região. Já oferecemos uma área e aguardamos a definição do governador.
IL: Outra demanda regional da qual o senhor tem cobrando são atitudes com relação ao Aterro Sanitário. Como andam as tratativas?
ACS: A situação que vivenciamos hoje é a pior existente, como caminhões diariamente nas estradas, ecologicamente incorreta, sem contar o gasto para essa viagem até o Vale do Paraíba e Grande São Paulo. Já apresentamos uma área que fica na Fazenda Pau D´Alho, na região sul de Caraguá, e agora aguarda a aprovação na Cetesb.
IL: Recentemente o senhor recebeu críticas quanto à escolha dos novos secretários que teriam sido impostos pelo partido (PSDB) após a perda de comando em São José dos campos, principalmente. Como o senhor recebe essas observações?
ACS: Minha filha, estou no meu quarto mandato e nunca o partido pediu para colocar ninguém na administração de Caraguatatuba. As pessoas que eu trouxe são técnicas, indicadas para suas funções. Se houver necessidade de substituição, quem define sou eu.
IL: O senhor teve participação direta na campanha para escolha do vereador Neto Bota para Presidência da Câmara?
ACS: Executivo e Legislativo são poderes distintos, mas o Neto recebeu sim meu apoio, pois acredito que fará uma boa administração, em especial no que se refere a enxugar os gastos da Câmara. O Legislativo economizando, podemos investir em outros setores do município.
IL: No ano passado o Legislativo deixou de receber o que estava previsto para 2012 por conta de queda na arrecadação do município. A que o senhor atribui isso?
AC: Houve queda de orçamento sim, especialmente por conta da arrecadação do ICMS, com redução do IPI, recursos que são repartidos aos municípios e que veio a menor do que o previsto. Para este ano, o orçamento estimado para a cidade é de R$ 415 milhões, com as respectivas aplicações.
Foto: Jorge Mesquita/IL
fonte Imprensa Livre