Secretário de Saúde afirma que se isso ocorrer, entidade estará descumprindo liminar da Justiça
Acácio Gomes
Mais uma tentativa de acordo foi realizada nesta semana entre a direção da Casa de Saúde Stella Maris e a Prefeitura de Caraguá para colocar fim ao impasse financeiro entre as instituições.
Os encontros ganharam força a partir do momento em que foram registradas paralisações de atendimento por parte do corpo clínico da entidade na semana passada.
“As negociações nunca foram cessadas, acontecem desde dezembro do ano passado. Agora estamos discutindo com a nova direção da Casa de Saúde. Tenho esperança, mas cada dia que passa somos pegos de surpresa”, ressaltou o secretário de Saúde, Sérgio Luiz Pinto Ferreira. Segundo ele, a Casa de Saúde recebe por mês R$ 936 mil divididos da seguinte forma: R$ 476 mil da Prefeitura, R$ 200 mil do Pró Santa Casa, R$ 120 mil do Laboratório de Análises Clínicas e outros R$ 140 mil do Estado. “Com esse valor é possível realizar o atendimento de média e alta complexidade”, garante.
O secretário confirmou que desde a última quinta-feira o clima de negociação tem tomado rumos estranhos.
“Na quinta-feira recebemos uma informação não oficial que o corpo clínico parou. Já na sexta-feira, ciente da informação da paralisação, o prefeito ofereceu o valor de R$ 670 mil por dois meses para ajudar na negociação e até autorizou o repasse no sábado. Aí na reunião de segunda-feira, a direção pediu em reunião R$ 1,1 milhão de repasse e mais R$ 750 mil para pagar os médicos. Isso é inviável financeiramente. Se houver paralisação, a Prefeitura entende que há descumprimento de liminar judicial”, salienta Sérgio Luiz.
Ele entende que o valor razoável seja realmente os R$ 670 mil. “Estamos vendo que pacientes não são atendidos, que é difícil conseguir vaga na UTI quando pedimos através da UPA. Está difícil negociar com pessoas que mudam de opinião a cada dia”.
Desde a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a direção da Casa de Saúde alega “não ter pernas” financeiras para realizar os atendimentos de média e alta complexidade.
“Os médicos decidiram parar porque não foi definido (sic) até o momento, por parte da Prefeitura de Caraguatatuba, a remuneração pelos atendimentos de urgência e emergência. O Hospital está em negociação com o município para a solução do impasse”, resumiu em nota a Assessoria de Imprensa da Casa de Saúde.
Questionada pela reportagem sobre novas paralisações, cirurgias canceladas e valores que entendam como justos para o repasse, a entidade não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Números mutantes
Em recente entrevista coletiva à imprensa, a direção apresentou relatórios mostrando que a entidade está operando no ‘vermelho’.
Na oportunidade, foi informado que o déficit mensal na Casa de Saúde era de R$ 390 mil antes da saída do Pronto-Socorro, que passou a ser administrado pelo Hospital Bandeirante no Jardim Primavera.
Ainda de acordo com a direção da entidade, após a saída do Pronto-Socorro, o déficit chega a R$ 850 mil mensais.
Nas negociações com a antiga gestão da Casa de Saúde, pelos serviços de média e alta complexidade a irmandade propôs repasse de R$ 682,8 mil, reduzido posteriormente para R$ 528 mil, porém não houve acordo com a Prefeitura.
Na oportunidade, os técnicos da Casa de Saúde comparam o que era pago a entidade e hoje o que é repassado ao Hospital Bandeirante para administrar a UPA.
De acordo com a entidade, a Prefeitura custeava o antigo Pronto-Socorro com menos de R$ 1 milhão, pois dos R$ 1,2 milhão repassados, cerca de R$ 120 mil era para o Laboratório de Análises Clínicas. Esse valor, segundo a direção, era para baixa, média e alta complexidade.
Ainda de acordo com os técnicos, a UPA começou a funcionar com um repasse de R$ 1,3 milhão para atender apenas baixa complexidade.
fonte Imprensa Livre