Peixes agonizam, morrem no rio Juqueriquerê e deixam comunidade pesqueira e órgãos ambientais em alerta
Os pescadores observaram logo na manha de sábado que espécies como robalo e bagre estavam boiando e descendo o rio que estava com a maré baixa
Mara Cirino
O aparecimento de dezenas de peixes agonizando no rio Juqueriquerê, que conta toda a região sul de Caraguatatuba, acendeu o alerta da comunidade pesqueira e órgãos ambientais. O caso foi registrado logo no início da manhã de sábado quando foi observado que espécies como robalo e bagre estavam boiando na água em uma quantidade considerada anormal. Polícia Ambiental, Cetesb e Secretaria do Meio Ambiente foram acionados. Ainda não se sabe o motivo do desastre ambiental.
O pescador Edelazi José Alves, 65 anos, conta que estava indo para o rio quando viu um robalo descendo e ficou até feliz pelo tamanho. “Ai começaram a aparecer mais e mais, todos agonizando e percebi que havia alguma coisa errado”. Assim como eles, outros pescadores estranharam a quantidade e acionaram os órgãos responsáveis.
Denis Coelho Magalhães Silva, 16 anos, filho de pescador, também ficou chocado com o que viu. “Foi muito peixe descendo, encostando no atracadouro (do Entreposto de Pesca do Porto Novo) e o restante indo rio abaixo”.
A primeira autoridade a chegar no local foi o patrulhamento da Polícia Ambiental e o sargento Eliezer Vieira subiu o rio com o presidente da Associação dos Pescadores Artesanais da Zona Sul, Ronan Carvalho da Silva, uma representante da Secretaria do Meio Ambiente e o vereador Petronilio Castilho dos Santos, o Loro (PR).
Também esteve presente o vereador e presidente da Câmara, José Mendes de Souza Neto, o Neto Bota (PSDB).
Eles foram verificar se havia algum vestígio de crime ambiental ou o que pudesse ter provocado a mortandade dos peixes.
“Coletamos amostras da água em algum ponto e de mais peixes para que possa ser realizada a análise porque a olho nu não foi observado nada anormal”, explicou o sargento Eliezer. Este material, segundo ele, deve ser encaminhado para o Instituto de Criminalística e Cesteb que não enviou nenhum técnico ao local.
Neste primeiro momento, o robalo foi o que mais apareceu boiando, mas na segunda saída, a quantidade de bagre morto e agonizando, entre filhotes e adultos, impressionou.
No final, após quase 30 minutos de navegação até a entrada da barra, no encontro do rio com o mar, pelo menos uns 30 quilos de peixes havia sido recolhido. Isso porque o grupo não conseguiu retirar aqueles que estavam próximos à encosta ou em locais de pedra que prejudicariam a navegação. Donos de imóveis à beira rio também se surpreenderam com o volume de peixe, retiraram da água e entregaram às autoridades. Nesta segunda visita, quem esteve presente foi o secretário do Meio Ambiente de Caraguatatuba, Marcos Couto, que também se surpreendeu. “Tem muito peixe, também vamos mandar para análise para saber o que pode ter provocado essa mortandade”.
Para a polícia, ainda é muito cedo para falar sobre as causas desse desastre ambiental. De acordo com o policial ambiental é preciso considerar desde produtos químicos como solupan a óleo diesel de embarcações ou despejo irregular de empresas que estão instaladas ao logo do rio. Entre elas está a Sabesp e a Petrobras. “É importante destacar que nada foi identificado neste primeiro momento, por isso vamos aguardar as análises”.
Para Ronan da Silva, essa mortandade é preocupante porque os pescadores sabem que não pode consumir justamente por não saber a causa, “mas há risco de outras pessoas pegaram os peixes porque alguns aparentam estar com falta de ar, por isso sobem à superfície do rio, sendo mais fácil pegá-los”.
Foto: Mara Cirino/IL
Fonte Imprensa Livre