Pescadores cobram indenizações por vazamento de óleo e ameaçam ‘parar’ Tebar
Mais de 3,5 mil litros de óleo vazaram no píer do Tebar e atingiram três municípios
Mara Cirino
Quase quatro meses após o derramamento de óleo no Canal de São Sebastião que afetou as comunidades pesqueiras de São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba, a categoria aprovou fazer um manifesto caso a Transpetro, responsável pelo Terminal Marítima Almirante Barroso (Tebar) não dê uma satisfação com relação ao pagamentodas indenizações referentes aos prejuízos sofridos.
A concordância pela manifestação ficou definida no último sábado, quando a Colônia dos Pescadores de São Sebastião – Z-14 – reuniu seus associados no Recanto Batuíra para explicar o resultado no encontro realizado no início do mês na sede da Transpetro, no Rio de Janeiro, onde conforme a entidade, não houve nenhum avanço. Júlio Cesar Manoel Serpa, tesoureiro da Colônia Z-14, disse que a meta é reunir entre 100 embarcações no mar e umas 500 pessoas na avenida Guarda Mor Lobo Vianna, em frente ao terminar, para cobrar uma posição.
“Nos receberam muito mal quando fomos ao Rio de Janeiro para falar com o presidente da empresa (Sergio Machado), Agora queremos que ele venha até aqui falar conosco”.
Ainda de acordo com ele, o prazo estipulado pelos participantes da reunião foi até a próxima sexta-feira sendo que a partir daí devem definir como será o manifesto previsto para ser em frente à unidade do Tebar bem como no mar que deve chegar ao píer do Tebar. “No sábado haverá outro encontro onde, se não houver resposta da Transpetro, vamos fazer o manifesto”, ressalta Serpa.
Desse mesmo encontro no Rio de Janeiro participaram representantes das Colônias de Pesca de Ilhabela e Caraguatatuba. Na ocasião, a presidente da Colônia dos Pescadores da Ilha, Benedita Aparecida Leite Costa, a Ditinha, salientou que os advogados da Transpetro teriam pedido mais 10 dias para dar um parecer sobre o caso das indenizações. “Aguardaremos o parecer, se isso não acontecer, vamos mobilizar os pescadores para fazer uma manifestação e parar o Canal de São Sebastião”, antecipou.
O vazamento de óleo foi registrado no dia 5 de abril quando, de acordo com a Transpetro, 3,5 mil litros de do produto caíram no mar e após atingir várias praias de São Sebastião e embarcações dos pescadores da cidade e de Ilhabela ao longo do Canal, o produto foi parar na praia da Cocanha, região norte de Caraguatatuba, onde acabou com a Fazenda de Mexilhão, considerada a maior do Estado e segunda maior do Brasil.
No início de maio, os advogados das Colônias dos Pescadores das três cidades protocolaram no escritório da Transpetro, em São Paulo, proposta com pedido de indenização para os trabalhadores que tiveram seu ofício prejudicado após o último derramamento de óleo.
Foi sugerido um repasse de R$ 2,2 mil por mês para cada pescador identificado, pelo prazo de dois anos, e R$ 2,5 mil para os maricultores por igual período, o que daria, em média, R$ 112,8 mil em gastos por pessoa atingida. Também foi requerida a revitalização dos barcos avariados no valor de R$ 1,8 mil. Em nota da Assessoria de Imprensa, a Transpetro informou que continua analisando os pleitos formalmente apresentados pelos pescadores à companhia.
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