Um relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado nesta sexta-feira, 27, confirma a responsabilidade humana pelo aquecimento global.

Integrantes do IPCC afirmaram que o relatório aumentou para 95% a certeza de que a maior parte do aquecimento global é causada pelo homem. No estudo anterior, de 2007, essa probabilidade era de 90%. Ainda de acordo com os cientistas da ONU, a humanidade é “nitidamente responsável” por mais da metade do aumento observado nas temperaturas desde a década de 1950.

As projeções do IPCC são importantes porque formam a base científica das negociações da ONU sobre um novo acordo climático. Os governos devem terminar o acordo em 2015, mas ainda não está claro se eles irão se comprometer com os cortes de emissões que os cientistas veem como necessários para evitar consequências catastróficas da mudança climática.

Projeções sobre nível do mar e aumento da temperatura

O IPCC elevou suas projeções sobre o aumento do nível do mar para entre 26-82 cm até o final do século. O relatório anterior previa um aumento entre 18-59 cm.

Usando quatro cenários com diferentes controles de emissões, o relatório projetou que as temperaturas médias globais devem aumentar entre 0,3 e 4,8 graus Celsius até 2100. Apenas os dois cenários mais otimistas, baseados em cortes significativos nas emissões de CO2, ficaram abaixo dos 2 graus Celsius, teto que os países estabeleceram como meta nas negociações sobre o clima para evitar os piores impactos do aquecimento.

Apesar dos esforços para reduzir emissões e frear o aquecimento global nos últimos 15 anos, os cientistas alertaram que o “robusto aquecimento que se verifica há múltiplas décadas” não foi invertido.

O relatório ressalta ainda que os gases nocivos ao meio ambiente continuando sendo emitidos, e que isso vai agravar o aquecimento global.

“Nossa avaliação científica detecta que a atmosfera e os oceanos se aqueceram, a quantidade de neve e gelo diminuiu, a média do nível do mar aumentou e a concentração de gases nocivos ao ambiente se intensificou”, ressaltou Qin Dahe, um dos diretores do IPCC.