Funcionamento do Stella Maris foi comentado na sessão da semana na Câmara de Caraguá
Acácio Gomes
Parece que uma possível crise na saúde de Caraguá está longe de chegar ao fim. Essa é a previsão feita pelos vereadores na última sessão da Câmara, quando utilizaram a tribuna para falar da preocupação com a Casa de Saúde Stella Maris. O primeiro a levantar o sinal de alerta foi justamente o vereador Elizeu Onofre da Silva, o Ceará da Adega (PR).
“A situação é grave. O Estado não está cumprindo com o Pró-Santa Casa e o repasse do acordo feito dos R$ 718 mil. Já estou prevendo que no próximo mês teremos problemas sérios. Precisamos nos mexer e buscar emendas e apoio dos deputados para ajudar a Santa Casa”, comentou.
Mas o presidente da Casa, José Mendes de Souza Neto, o Neto Bota (PSDB), não gostou da ideia. “O prefeito é do PSDB e o governador não ouve ele, quem dirá o vereador. Buscar emenda não é o foco. Estou preocupado e já estão falando em falta de remédios”, alertou.
Já o vereador Celsinho Pereira (DEM) comentou o processo de intervenção na Casa de Saúde Stella Maris. “Eu no começo achei que a intervenção era um tiro no pé e disse isso ao prefeito, mas ele não podia se submeter aquela chantagem financeira. Pra mim a solução da Saúde em Caraguá é construir uma Unidade de Pronto Atendimento na Região Sul e outra na Região Norte”, disse.
Mesmo com o assunto sério, o vereador Francisco Carlos Marcelino, o Carlinhos da Farmácia (PPS), levantou risos dos presentes na sessão. “É uma coisa de louco. Por me conhecerem, muitos deixam de ir na Santa Casa e na UPA e vai tudo na minha farmácia para se cuidar. É um caos. Só acho que tendo vontade política se reverte qualquer coisa e qualquer crise”, comentou.
O vereador oposicionista Renato Leite Carrijo de Aguilar, o Tato Aguilar (PSD), resumiu dizendo que não ia falar mais de saúde. “É chover no molhado e falo disso desde o começo do ano”.
Estado
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que não procede, de forma nenhuma, a informação de que os recursos do programa Pró-Santas Casas não estão sendo pagos regularmente à Casa de Saúde Stella Maris. Segundo o órgão, mensalmente, a unidade vem recebendo por meio do programa estadual R$ 140 mil, sem atrasos.
“Além disso, a Secretaria ainda informa que, neste momento, está avaliando o plano de investimentos e custeio, apresentado pela prefeitura, para a Casa de Saúde Stella Maris. A pasta também informa que após a conclusão deste estudo as verbas destinadas à unidade serão liberadas”, explicou o Estado.
Prefeitura afirma que troca de secretário estadual atrapalhou negociações
A Secretaria de Saúde de Caraguá confirmou ontem que com a saída do secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, e a entrada do novo secretário, David Everson Uip, houve uma paralisação nas conversações referentes ao convênio proposto pelo Estado, que foram retomadas somente no inicio dessa semana.
“A proposta do Governo do Estado foi feita à Santa Casa ainda na antiga gestão e não foi aceita pela mesma. Porém, a prefeitura assim que assumiu a gestão manifestou o interesse em ter esse termo de convênio assinado, com o respectivo repasse mensal de R$ 718 mil, mais o repasse mensal do Pró-Santa Casa estadual de R$ 140 mil”, citou a Secretaria de Saúde.
A administração admitiu também que situação da entidade, nesse momento, não é confortável do ponto de vista financeiro, porém os pagamentos estão em dia, no que se refere à folha dos funcionários, médicos e fornecedores, de compromissos assumidos após a intervenção.
Administração
Em relação à ideia de o governo municipal contratar uma empresa para administrar a Casa de Saúde Stella Maris, a Secretaria de Saúde informou que o município recebeu visita de várias Organizações Sociais (OS), que solicitaram inúmeros dados e informações. “As solicitações por esses indicadores foram atendidas e, nesse momento, estão em análise pelas empresas. Aguardamos as propostas comerciais e, portanto não procede a informação de que não há Organizações Sociais interessadas”.
Sobre a questão de possível desapropriação da área onde está a unidade hospitalar, a administração esclarece que não há nenhuma negociação entre o Estado e a prefeitura sobre esse assunto. (A.G.)
Foto: Acácio Gomes/IL