Na região, somente Ubatuba foi contemplada pelo programa do Governo Federal
Helton Romano
O Ministério da Saúde programou para fevereiro a contratação de médicos para a terceira etapa do programa que visa suprir a carência por esses profissionais nos municípios brasileiros. Em todo o país, 2.177 cidades já foram atendidas pelo “Mais Médicos”. No Litoral Norte, somente Ubatuba recebeu dois profissionais, ambos de nacionalidade cubana.
A Prefeitura de São Sebastião solicitou oito médicos, no final de agosto. A previsão era de que os novos profissionais chegassem até novembro, segundo divulgou a Prefeitura no site oficial.
O mesmo número foi requisitado pela Prefeitura de Caraguatatuba. Atualmente, a cidade possui 55 médicos atendendo na rede pública de saúde. Ilhabela solicitou apenas um profissional para atender às comunidades tradicionais caiçaras.
Para o prefeito Ernane Primazzi (PSC), a prioridade dada a Ubatuba é compreensível. “Na região, é o município com maior dificuldade na saúde, até porque tem a pior arrecadação. O Governo Federal quis ajudar Ubatuba”, entende Ernane, que não vê relação com o fato de Ubatuba ser a única cidade da região administrada pelo PT.
Já o prefeito Antonio Carlos (PSDB), ao ser indagado se houve critério partidário na prioridade a Ubatuba, respondeu: “Embora as evidências digam que sim, espero que seja apenas questão de processo técnico”.
Adaptação
Os dois médicos cubanos que estão em Ubatuba, há um mês, ainda passam por uma “fase de adaptação”, conhecendo protocolos do SUS e nomes de medicamentos. Segundo informou a assessoria da Prefeitura, na tarde de ontem, Rosa Losada, 51 anos, e Eduardo Varela, 40 anos, estão atendendo sob supervisão de outros médicos.
A expectativa é de que, a partir do dia 27, quando termina a fase de adaptação, ambos passem a atender, sem supervisão, em postos de saúde a serem definidos nas próximas semanas. Os salários dos médicos são custeados pela União, enquanto o município arca com as despesas de estadia e alimentação.
Critérios
Questionado pelo Imprensa Livre, o Ministério da Saúde garantiu que “os municípios que solicitaram médicos, e que ainda não foram contemplados, deverão ser atendidos a partir das novas alocações”. A meta é atender toda a demanda até março.
De acordo com o comunicado, os médicos com registros do Brasil têm prioridade no preenchimento dos postos. Eles indicam os locais onde pretendem trabalhar. Em seguida, os estrangeiros escolhem os postos não preenchidos pelos brasileiros. Como a demanda dos municípios foi superior ao número de médicos inscritos, o Ministério da Saúde firmou acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para trazer médicos para ocupar as vagas remanescentes da primeira e segunda etapa do programa. O órgão assegura que foram adotados critérios técnicos na distribuição dos médicos, “dando igual prioridade às cidades em que é maior a parcela de pessoas dependentes do atendimento ofertado pelo SUS e àquelas com alto percentual da população em situação de pobreza, conforme classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”.
Foto: Helton Romano/IL