Fonte Imprensa Livre
Bruno Caetano, diretor superintendente do Sebrae esteve ontem na região para tratar do assunto
Mara Cirino
No último dia 27 de janeiro o Sebrae-SP inaugurou sua primeira Escola de Negócios no Estado, na Capital. Agora, com o projeto em andamento, a próxima unidade deve ser em Caraguatatuba. Ontem, o diretor superintendente do órgão, Bruno Caetano, esteve na região para, junto com o prefeito Antonio Carlos da Silva, oficializar as tratativas. Um terreno de 7,3 mil metros quadrados, no Jardim Jaqueira, foi doado ao governo do Estado que deve formalizar o convênio com o Centro Paula Souza, responsável pelas escolas técnicas (Etecs) e faculdades de tecnologia (Fatecs) para a implantação da unidade. No mesmo prédio deve ser construído um escritório do Sebrae e uma incubadora de empresa dos alunos.
O diferencial das escolas técnicas e de nível superior do Estado é que a Escola de Negócio tem seu foco voltado para a formação de empreendedores e interessados que poderão se capacitar com cursos gratuitos por meio do ensino técnico e tecnológico, nas áreas de administração, gestão, logística e marketing.
“É uma escola para gente que quer ser patrão”, esclarece Bruno Caetano. Segundo ele, de cada 100 empresas em funcionamento no Estado 99 são pequenas e o Sebrae observou que não há um curso que ensine como administrar um pequeno negócio.
“O pequeno sonha em ganhar a vida como empreendedor, mas há uma dificuldade de se manter uma empresa, por isso o objetivo de formar o profissional com foco voltado para a gestão”, diz.
Para o órgão, a falta de qualificação do dono da empresa, da incapacidade de fazer uma boa gestão é a principal causa da mortalidade da empresa no Brasil. “Dados apontam que a cada 100 empresas abertas no Estado de São Paulo, 22 não completam dois anos de vida”.
Ele cita como exemplo a abertura de um restaurante cujo dono cozinha muito bem, mas que se não souber fazer preço, gestão de pessoas, se relacionar com poderes públicos, pagar seus impostos em dia, por melhor que seja sua comida, vai quebrar.
Litoral
Em relação ao perfil do Litoral Norte, Bruno Caetano destaca que possui uma economia diversificada nas áreas de comércio e serviço, e que pode crescer com a preparação melhor desses empreendedores.
Questionado sobre a postura de muitos estabelecimentos que elevam seus preços na temporada de verão e que, neste ano gerou reclamação e afastamento do consumidor, Caetano entende que é preciso trabalhar o circuito turístico do Litoral Norte e tratar a sazonalidade.
“Muita gente quer aproveitar do verão, aumenta o preço e cai a qualidade no atendimento. Isso não é o recomendado. Junto com o poder público, com as associações comerciais e empresariais e a comunidade local é possível tratar o desenvolvimento dessa região para que não precise ganhar o dinheiro de 12 meses em três”, ensina.
Para ele, buscar alternativas para o período da baixa sazonalidade é o caminho. E cita ações como eventos culturais, congressos de especialidades, entre outros, movimentando a região fora do período de verão. “Meia dúzia de congressos movimenta a rede hoteleira, pousadas e restaurantes, além de todo o setor de serviços. É isso que a gente quer trazer para cá”.
Bruno Caetano acrescenta que a Escola de Negócios vai funcionar como uma espécie de quartel general dessa estratégia, onde os alunos terão a tarefa de pensar a região do ponto de vista de negócio.
Superintendente reforça necessidade de implantação a Lei Geral nos municípios
A visita do diretor superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano à região teve também como objetivo o reforço da conversa com os prefeitos para a regulamentação e implantação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa nos municípios.
A Lei Complementar 123/2006 é tida como um importante mecanismo de incentivo ao ambiente empreendedor, a medida que garante tratamento diferenciado aos proprietários desses segmentos empresariais, criando uma série de facilidades tributárias e de negócios.
A parte que trata da participação das micros em licitações das prefeituras é o que tem despertado o interesse do Sebrae no sentido de colocar o pequeno no mercado. Isso significa que uma administração pública com a lei implementada – ela precisa ser regulamentada (projeto do Executivo levado à votação na Câmara) – pode fazer suas licitações no valor de até R$ 80 mil com a participação de apenas produtores da sua localidade.
Conforme Caetano, o papel do Sebrae é ajudar esse empreendedor a estar dentro da legislação, com documentações em ordem, e à prefeitura estar adequada a usar o sistema para as compras públicas. Ele entende que essa também é uma forma de desburocratizar o processo de fechamentos de empresas e incentivar a abertura de novos empreendimentos, reduzindo a formalidade. “Em geral, pequenas empresas não participam desses processos licitatórios, mas não seria melhor que o pequeno empresário pudesse fornecer a merenda para a escola, um pintor trabalhar nas obras do seu município?”, questiona Caetano.
Atualmente, segundo Bruno Caetanos, mais de 300 municípios estão com a lei regulamentada, incluído nesta listagem as cidades de Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião. Caraguatatuba ainda está com a lei na Câmara. “Em reunião com o prefeito Antonio Carlos, ele ficou de olhar o processo com carinho para também fazer a implantação da Lei Geral”. Nessas condições, são 100 municípios no Estado e nenhum na região. (M.C.)
Foto: Jessyca Biazzini/IL