Faturamento das micro e pequenas empresas tem nova queda
Resultado de agosto foi 8,9% menor do que em igual mês de 2013 e representou o sexto recuo consecutivo de receita, segundo o Sebrae-SP
Em mais um mês de resultados fracos, as micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo registraram queda de 8,9% no faturamento real em agosto em relação a igual período de 2013. Foi o sexto recuo consecutivo na receita real das MPEs em 2014, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo a pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
A retração atingiu todos os setores: o faturamento das MPEs da indústria caiu 3,5%; no comércio, 16,6% e em serviços, queda de 1,6%, no confronto de agosto deste ano com o mesmo mês do ano passado. A receita total das MPEs paulistas foi de R$ 47,4 bilhões em agosto, já descontada a inflação, o que representa R$ 4,6 bilhões a menos do que em agosto de 2013, porém R$ 1,7 bilhão acima do apurado em julho deste ano. Este número positivo teve influência da redução de dias úteis em julho por causa da Copa do Mundo.
De janeiro a agosto, a receita real das MPEs caiu 1,2% ante igual intervalo de 2013. Foi o primeiro resultado negativo no acumulado de 2014 ante o mesmo período do ano anterior.
“A explicação para a piora no faturamento está no fraco desempenho da economia brasileira este ano”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “As micro e pequenas empresas têm forte dependência do mercado interno, que está sofrendo com inflação relativamente alta, juros mais elevados e limitações na concessão de crédito. Esses fatores levam a um quadro de incertezas econômicas e a uma deterioração da confiança de empresários e consumidores. As consequências aparecem no caixa dos pequenos negócios, já que o consumidor fica mais cauteloso na hora de ir às compras”, conclui Caetano.
Por regiões, a situação também se mostra desfavorável na comparação de agosto de 2014 com agosto de 2013. No município de São Paulo, o faturamento recuou 5,7%; na Região Metropolitana de São Paulo, a queda foi de 4,8%; no Grande ABC houve redução de 3,2% na receita, e no interior do Estado o faturamento das MPEs caiu 12,8%.
“A queda mais acentuada no faturamento das micro e pequenas empresas do interior do Estado de São Paulo está ligada à forte base de comparação, já que em agosto do ano passado os negócios da região haviam registrado desempenho bem mais animador, na comparação com as demais regiões”, diz o coordenador de pesquisas do Sebrae-SP, Marcelo Moreira. O pessoal ocupado nas MPEs do Estado de São Paulo, que inclui sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados, registrou variação de +0,2% de janeiro a agosto de 2014, ante o mesmo período do ano anterior. O rendimento real (salários e outras remunerações) dos empregados nas MPEs paulistas, no mesmo período, apresentou variação de -0,2%, e o gasto total com a folha de salários registrou elevação de 1,8%.
Em meio ao cenário de fraco desempenho da economia, em setembro de 2014, cresceu a parcela de donos de MPEs paulistas que esperam apenas manter o faturamento do negócio nos seis meses seguintes: em setembro de 2013 eram 49% e agora são 56%. Os que acreditavam em melhora eram 32% e agora são 28%. Já os que esperam piora no faturamento passaram de 6% para 9% no mesmo período.
“Datas fortes para o comércio como Dia das Crianças e Natal devem reforçar as vendas e trazer algum alento para esses empresários. No entanto, não há perspectiva de grandes melhoras por conta das limitações do nível da atividade econômica”, explica Moreira. Segundo ele, a diluição das incertezas, principalmente no que diz respeito à inflação, é o que pode contribuir para avanços.
Quanto à evolução da economia do País, 51% disseram em setembro de 2014 acreditar em estabilidade nos próximos seis meses. Em setembro de 2013 eram 52%. Os empresários que falam em piora são 22% ante 14% em setembro do ano passado. Outros 18% têm expectativa de melhora; um ano antes essa era a previsão de 22% dos proprietários de MPEs.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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