Neste semestre, visitas às Comunidades Tradicionais de Ilhabela estão sendo realizadas pela equipe do Espaço Cultural Pés no Chão, com o objetivo de atingir mais uma etapa do projeto Memórias Reveladas – no eterno presente do mar, navegam o passado e o futuro. Por meio do registro das histórias e causos de cada comunidade e da reinterpretação dessas “memórias” junto às novas gerações, o projeto, apoiado pela Secretaria de Educação, promove o resgate da cultura caiçara e integra o imaginário dos mais velhos ao dos mais novos.
O projeto Memórias Reveladas, contemplado no Edital da Seleção Pública do Programa Petrobras Socioambiental de 2014 e renovado para o biênio 2018-2019, é dividido em quatro etapas. No primeiro momento, realizado em 2018, houve um levantamento e mapeamento de lideranças caiçaras em cada um dos núcleos. No segundo momento, ocorreram apresentações das histórias criadas na etapa anterior e oferecidas oficinas de bonecos para as crianças. A terceira etapa, que está sendo realizada neste semestre, compreende um retorno aos núcleos caiçaras para a realização de oficinas lúdicas com crianças e adolescentes, entrevistas e filmagens com os familiares mais velhos e apresentações de contação de histórias com os bonecos feitos pelas crianças.
Entre os meses de março e junho aconteceram visitas em três comunidades tradicionais – Serraria, Búzios e Vitória. Nas três oportunidades houve grande integração entre a comunidade e a equipe Pés no Chão. As oficinas, adequadas às faixas etárias das crianças, promoveram a circulação da cultura caiçara e a transmissão de seus saberes e fazeres. As escolas das comunidades foram utilizadas como base física para o desenvolvimento das atividades, por intermédio de uma parceria com a Secretaria de Educação. “Nós incentivamos o aprendizado lúdico. Esse lindo projeto engloba a comunidade como um todo, mas acima de tudo, evidencia para as crianças sua cultura e suas raízes”, comenta Milva Aparecida Medeiros da Silva, diretora das comunidades tradicionais.
Na comunidade de Serraria foram realizadas entrevistas com vários moradores e desenvolvidas oficinas com 18 alunos. Junto aos alunos do ensino fundamental II foi elaborado um quadro com a árvore genealógica da população. Os alunos de três a cinco anos fizeram bonecos de mesa e as crianças maiores construíram bonecos de cruzetas, que tem o corpo montado em uma espécie de cruz. Cada boneco produzido representou alguém da comunidade, a maioria personagens vivos, e alguns, mais velhos, já falecidos. O conjunto das encenações ganhou o nome de “As incríveis histórias da Praia da Serraria”. Nos próximos meses estão programadas visitas às demais comunidades tradicionais de Ilhabela.
A quarta e última etapa do projeto está ligada à sua multiplicação. Ela envolve um retorno a todos os núcleos caiçaras visitados para a entrega de materiais educativos nas escolas parceiras e também oficinas para os professores, incluindo aspectos da memória caiçara, elementos da arte de contar histórias e um panorama geral da iniciativa realizada. “Na parte final da execução do projeto realizaremos uma oficina de multiplicação dos conhecimentos adquiridos, tanto dos conhecimentos passados pelos caiçaras, como os adquiridos através das pesquisas de material acadêmico, produzidos em mestrados e doutorados de universidades brasileiras”, revela Emiliano César Bernardo, coordenador geral do Espaço Pés no Chão. Ao todo, o projeto visa atender 14 núcleos caiçaras, atingindo assim 130 crianças e adolescentes pertencentes a comunidades tradicionais e também a famílias caiçaras moradoras em áreas urbanas do município.
Sobre o Pés no Chão
O Espaço Cultural Pés no Chão é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que atua desde 2001, em Ilhabela. Em seus 16 anos de vida realizou diversos projetos com o público infanto-juvenil, fomentando a arte como instrumento de transformação social. Desde 2008 produz vídeos-documentários nas comunidades tradicionais caiçaras, por meio de projetos que valorizam sua cultura e as tornam perenes.
O Espaço Cultural Pés no Chão está localizado na rua Macapá, nº 72, na Barra Velha. Informações pelo telefone (12) 3896-6727 ou pelo site www.pesnochao.org.br.