A Cúpula do Mercosul, que decorreu de 5 a 7 de dezembro no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, serviu de cenário para a assinatura do Acordo entre o Mercosul, bloco que engloba Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que, além do Brasil, tem como Estados-membros Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Segundo apurámos, o acordo prevê a aproximação entre os dois blocos de países em domínios variados, como na promoção da língua portuguesa e do espanhol, cooperação técnica, desenvolvimento de estudos, intercâmbio de conhecimentos em inovação, modernização e fortalecimento da gestão pública e temas relacionados à juventude, mas, também interações comerciais entre os países da CPLP e do Mercosul. O documento foi assinado pelo Secretário Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e pelos ministros das Relações Exteriores e dos Negócios Estrangeiros do Mercosul.
A Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), entidade brasileira que é vice-presidente da Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), acompanhou esse ato oficial que teve lugar no dia 6 de dezembro, data que marcou o término da presidência rotativa brasileira daquela organização de Estados da América do Sul. O texto do acordo de cooperação já havia sido aprovado pelo Comité de Concertação Permanente da CPLP, que se destaca por ser uma reunião mensal dos embaixadores dos nove Estados-membros da organização, no último dia 29 de novembro.
Juliano Nascimento, Embaixador do Brasil junto da CPLP, acredita que este é “um acordo chapéu para cobrir os projetos existentes e os futuros” entre a CPLP e os países do Mercosul.
Por sua vez, Zacarias da Costa, secretário executivo da CPLP desde 2021, acredita que esta iniciativa “vem ao encontro dos nossos interesses, de aprofundar a cooperação com o Mercosul. Uma cooperação em todos os domínios”.
A cúpula reúne representantes da sociedade civil e dos governos dos países que integram o Mercosul para discutir o fortalecimento da democracia na região do Cone Sul e ampliar a participação social na agenda política do bloco.
“A assinatura deste acordo é fruto do trabalho incansável do embaixador Juliano Nascimento, que tem promovido uma dinâmica importante ao afirmar o papel do Brasil na CPLP, algo que não acontecia há algum tempo, o que possibilitará resultados positivos na vertente da economia”, afirmou António Carlos Pinheiro, presidente da FUNCEX.
“A FUNCEX tem estabelecido diversas parcerias entre o Brasil e os países integrantes da CPLP, no sentido de aproximar o mercado dos países de língua portuguesa de outros blocos económicos no mundo”, explicou António Carlos Pinheiro, que sublinhou que o documento agora assinado fortalece a imagem e o papel de liderança do Brasil no contexto da lusofonia.
“A FUNCEX está cada vez mais a ganhar terreno ao auxiliar nos movimentos CPLP”, finalizou António Pinheiro.
Para Higor Ferro Esteves, diretor geral da FUNCEX Europa, o acordo assinado mostra que há alternativas no desenvolvimento de negócios entre os países do Cone Sul e outras zonas do mundo, tendo em conta as notícias dos últimos dias que mostraram a posição negativa da França no caso do acordo Mercosul e União Europeia, que suscitou reações, inclusive, do presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva.
Ígor Lopes