Sindicato prevê crescimento do movimento ao longo da semana
Helton Romano
A greve dos professores da rede pública estadual começou com baixa adesão nas escolas do Litoral Norte. Segundo a Apeoesp – sindicato da categoria – o percentual de docentes que não foram às aulas, ontem, ficou entre 20% e 25%. Nenhuma das 36 escolas precisou dispensar os alunos.
O coordenador da Apeoesp na região acredita, porém, que até sexta-feira o movimento chegue a 40% de adesão. “A greve vai tomando corpo”, prevê Rodolfo Alves. Para isto, os sindicalistas devem percorrer as escolas, nos próximos dias, para conversar com os professores. “A luta não é apenas nossa, mas de toda a sociedade que quer melhoria da escola pública”, frisa Alves.
A Diretoria de Ensino que abrange o Litoral Norte, com sede em Caraguatatuba, não se manifestou a respeito. O órgão é ligado à Secretaria da Educação do Estado.
Sem aulas
Mesmo com a baixa adesão à greve, alunos ficaram sem aulas na Escola Plinio Gonçalves de Oliveira, no bairro de Juquehy, em São Sebastião. “A gente acorda cedo para estudar, mas quando chega aqui tem quatro aulas vagas”, diz Adalton Gonçalves, 17 anos, que se mostrou preocupado com os simulados que estão programados para esta semana.
Sem ter o que fazer, Fabio Guimarães, 17 anos, sentou na calçada para conversar com amigas enquanto aguardava o ônibus escolar. “Só tivemos as duas primeiras aulas. Depois, todo mundo foi embora”, conta Guimarães. Para não precisar pagar passagem de ônibus circular, ele precisou esperar por mais de duas horas para, enfim, retornar para sua casa no bairro de Cambury.
Na quinta-feira passada, professores já haviam avisado aos alunos sobre a greve. Por conta disso, muitos preferiram ficar em casa. “Liguei de manhã para saber se teria aula, mas ninguém atendeu”, disse Gabriel Sanguinete, 15 anos, que não vai à escola desde sexta-feira.
A reportagem tentou conversar com alguém responsável pela escola. A diretora não estava presente, a vice-diretora tirou férias e a substituta não quis dar informações. Nos portões da escola, cartazes de incentivo à greve foram fixados.
Reivindicações
De acordo com o sindicato, os professores reivindicam reposição salarial de 36,74% e complementação do reajuste referente a 2012; cumprimento da lei do piso – no mínimo 33% da jornada para atividades de formação e preparação de aulas – fim dos descontos de faltas e licenças médicas para efeito de aposentadoria especial; entre outras reivindicações. Na próxima sexta, a categoria participa de assembleia para decidir pela continuidade ou fim da greve.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado repudia o movimento e “considera descabidas as reclamações da Apeoesp”. A secretaria destaca ter implantado, em 2011, “uma inédita política salarial e que, nesta semana, encaminhou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para conceder novo aumento aos profissionais da Educação”.
Foto: Helton Romano/IL