O Governo Municipal de Caraguá, por meio das secretarias de Saúde e Educação, prevê vacinar, em 2014, 3.000 meninas de 11 ,12 e 13 anos na Campanha Nacional de Combate ao HPV, que pode levar ao câncer de colo de útero. O primeiro período da campanha ocorrerá de 10 de março a 10 de abril. Neste momento, a vacinação será administrada nas escolas municipais, estaduais e particulares em datas pré- determinadas entre estes dias.
De acordo com o Ministério da Saúde, cada menina deve receber três doses da vacina para estar imunizada contra o vírus. Após a primeira dose, a segunda deverá ocorrer em seis meses e a terceira, em sessenta meses após a primeira. Estudos mostraram que a vacina tem eficácia muito maior nas meninas que ainda não foram expostas ao vírus, ou seja, que ainda não iniciaram sua vida sexual. Por isso, segundo o ministério, para tomar a vacina não precisa estar com a vida sexual ativa, pelo contrário, quanto antes vacinar, mais fácil proteger.
A vacina contra HPV que será distribuída por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) é quadrivalente, previne contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, responsável atualmente por 95% dos casos de câncer no país. Segundo o Ministério da Saúde, este é o segundo tipo de tumor que mais atinge as mulheres, atrás apenas do câncer de mama.
A vacinação será destinada somente para as meninas, pois estas protegem indiretamente seus parceiros.
Recusa
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em toda atenção à saúde de adolescentes, os fundamentos da ética, privacidade, confidencialidade e sigilo devem ser respeitados. Esses princípios reconhecem o grupo na faixa etária de 10 a 17 anos como sujeitos capazes de tomar decisões de forma responsável. Sendo assim, não há necessidade de autorização dos pais ou responsáveis para receber qualquer vacina nos postos de saúde.
No entanto, por se tratar de uma importante ação de saúde pública que tem como estratégia a vacinação nas escolas, aqueles pais que se recusarem a permitir que seus filhos sejam vacinados nestas instituições deverão preencher o Termo de Recusa de vacinação contra HPV. O documento será entregue ao aluno pela instituição escolar e deverá ser devolvido à escola durante o período em que ocorrer a campanha. Os pais irão receber uma comunicação da instituição e da secretaria de Saúde com informações sobre os dias de vacinação em cada local.
Contágio
Segundo dados do Ministério de Saúde, condições como início precoce da vida sexual, elevado número de parceiros sexuais, uso prolongado de contraceptivos hormonais, multiparidade, tabagismo, fatores genéticos e imunológicos aumentam o risco para progressão da infecção pelo HPV para o câncer de colo de útero.
Como as pessoas infectadas geralmente não apresentam nenhum sintoma, muitas não sabem que são portadoras do vírus. Segundo a secretaria de Saúde de Caraguá, a maioria das mulheres descobre que tem HPV pelo resultado anormal do Papanicolaou.
O vírus
O HPV é um vírus que se instala na pele ou em mucosas e pode ficar no organismo durante anos de maneira adormecida, com possibilidades de evolução para cânceres como o do colo do útero. Este vírus é altamente contagioso. A transmissão se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada e a principal forma de contaminação é pela via sexual, sendo possível contaminar-se com uma única exposição.
Como muitas pessoas portadoras do HPV não apresentam nenhum sinal ou sintoma, elas não sabem que tem o vírus, mas podem transmiti-lo.
Estimativas
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que todos os anos, no mundo inteiro, 500 mil mulheres são diagnosticadas com a doença. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados para 2014, 15.590 casos novos. Em 2011, 5.160 mulheres morreram devido ao câncer de colo de útero.
Os vírus HPV tipos 16 e 18 (alto risco) são responsáveis por até 90% dos casos de câncer de ânus, 60% dos cânceres de vagina e até 50% dos cânceres de vulva. Os tipos 6 e 11 (baixo risco) podem ser responsáveis pela papilomatose respiratória recorrente da criança – um tumor benigno, raro, que afeta a laringe mas pode se estender a todo o trato respiratório, com complicações pulmonares. A criança pode ser contaminada no momento do parto vaginal, caso a mãe esteja infectada.