ACVL diz que é responsável apenas pela manutenção do sítio de voo e não pode proibir ninguém de voar
Cris Lopes
Hoje completa uma semana do acidente ocorrido com um paraglider, em Caraguatatuba, que terminou com a morte do fotógrafo e mergulhador profissional Franklin Kojimoto, de 48 anos. Ele havia partido da pista de voo livre do Morro Santo Antonio no início da tarde de quinta-feira, acompanhado do filho de 17 anos, para fazer um voo-teste com um novo equipamento. Do decorrer do voo, ele perdeu o controle do equipamento, caindo próximo à pista de skate, na Praça Ton Ferreira, na região central de Caraguá. Ele faleceu no dia seguinte, em decorrência da gravidade dos ferimentos, enquanto o filho dele seguia hospitalizado, mas sem risco de morte.
A Prefeitura de Caraguá declarou há cerca de uma semana que “não existe setor que fiscalize a atividade de voo a partir da rampa do Morro Santo Antonio”. Citada pelo Executivo como sendo a responsável pelo voo de pilotos da pista do local, a Associação Caraguatatuba de Voo Livre enviou nesta semana as respostas aos questionamentos enviados pela reportagem naquela mesma ocasião, mas que não haviam sido respondidos.
A entidade afirmou que é responsável apenas pela manutenção do sítio de voo, com orientação e informação das normas para as operações de voo no local, mas não “pelo monitoram e fiscalização do local”. Segundo a ACVL, os clubes seguem a norma regulamentar criada por instituições nacionais de voo livre. “O voo em aeronaves experimentais é realizado por conta e risco de seus praticantes, ficando eles em caso de acidentes amparados civil e criminalmente pelas leis vigentes no país”, declara.
Sobre o acidente com o fotógrafo e o filho dele, a entidade disse que naquele dia o céu estava claro e o vento, fraco, condições propícias para a prática do voo. “O piloto realizava o 1º voo com o novo equipamento e estava cadastrado na ACVL há dois anos; tinha por volta de três anos de experiência e era conhecedor do local de voo”. Por ser um dia de semana, não havia ninguém da associação ou outro piloto no local na pista do morro no dia do acidente.
Segurança
A ACVL alega que, por se tratar de uma área pública, não é preciso avisá-la para realizar os voos. “A AVCL não pode proibir ninguém de voar; mesmo assim temos normas para as operações de voo. Por meio de placas repassamos e orientamos todos frequentadores do local, pilotos e turistas. Em dias de maior movimento disponibilizamos um funcionário da associação para orientar verbalmente os usuários”, diz.
Quanto às habilitações para a atividade, “que não são obrigatórias por lei”, reforça a entidade, são fornecidas pelas associações nacionais.
“O clube local segue a mesma regulamentação para os sócios”, garante.
Questionada sobre as medidas de emergência em casos de acidentes, a AVCL alega que o procedimento é chamar o Corpo de Bombeiros ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Por orientação não podemos socorrer a vítima”.
Sobre a morte de Kojimoto, a associação diz lamentar muito o ocorrido e aguarda a realização da perícia técnica no equipamento para tentar saber os motivos que o levaram a perder o controle do equipamento. “A ACVL por meio da diretoria e sócios está prestando auxilio a família do piloto e não medira esforços para minimizar essa perda irreparável”, afirma.
Familiares de Franklin informaram ontem à reportagem que o filho dele segue internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Regional de São José dos Campos. Ele está consciente, mas deve ainda passar por uma cirurgia no fêmur esquerdo. Por enquanto, não há previsão de alta.
Foto: Jessyca Biazini