Maria Ponzetta chegou a pesar 145 kg e resolveu tomar uma atitude.
Ela trocou doces por frutas e começou a praticar natação.
“Decidi que aquele seria meu último peso. Saí do médico, passei no supermercado e comprei legumes e verduras. Resolvi aplicar na minha vida tudo aquilo que o gordinho sabe, mas não faz”, diz.
A partir desse dia, com reeducação alimentar e atividades físicas, Maria foi perdendo peso e quatro anos depois, conseguiu eliminar 76 kg.
“Precisava de paciência, persistência e perseverança todos os dias. Mudar os hábitos muda automaticamente a cabeça. Hoje eu penso muito antes de colocar um alimento dentro da minha casa e dentro do meu corpo”.
No auge da obesidade, Maria descobriu que tinha lúpus sistêmico, uma doença autoimune que pode ser fatal. “Tive problemas renais e pulmonares, vivia no hospital. Minha médica dizia coisas que eu já sabia, que eu tinha que emagrecer”. Depois de emagrecer, ela continua tomando medicamentos para a doença, mas nunca mais teve complicações maiores e deve isso à mudança de hábito.
Tendência a engordar
Na adolescência, Maria lembra que tinha tendência a engordar, mas se cuidava mais e se alimentava melhor. Dos 10 aos 15 anos, ela competiu em torneios de natação e queimava bastante caloria. “O problema foi quando eu parei de nadar, mas continuei comendo do mesmo jeito. Já comecei a engordar”, lembra.
Aos 19 anos, já casada, ela engravidou pela primeira vez e o resultado nove meses depois foi 40 kg a mais na balança.
“Achei que eu podia comer de tudo já que ia engordar de qualquer jeito. Brigava com o meu marido para ele buscar lanches à noite”, conta. Maria conseguiu emagrecer, mas o mesmo não aconteceu na segunda gravidez, aos 23 anos. Ela desistiu e ganhou cada vez mais peso.
“Os passeios de família eram todos relacionados à comida. Meu marido engordou junto comigo, mas meu filho não engordou porque eu abri o olho a tempo”, conta ela, que passou a conscientizar os filhos e o marido sobre os cuidados de alimentação. “Eu digo para meus filhos que eles não podem esquecer que eles tiveram uma mãe com obesidade mórbida e eles podem ter também”.
Novos hábitos
Após a decisão de mudar de vida, Maria começou uma dieta saudável e mudou toda a programação dentro de casa. A natação voltou à rotina, mas o local escolhido para a atividade física foi bem longe de todos os conhecidos.
“Eu sou sócia de um clube, mas nadava em outro lugar para ninguém me ver. Tive que fazer um maiô sob medida para voltar à natação e não parei mais”, lembra.
O início da mudança foi um transtorno na família já que toda a rotina teve que mudar. Acostumados com bolo todos os dias, os filhos e o marido de Maria tiveram que se adaptar e começar a alimentação saudável junto com ela. “Meu marido até hoje quer que eu faça doces em casa, mas não faço mais porque eu sei que se eu comer um doce, não vou parar nele”, confessa.
O segredo é descobrir alternativas prazerosas e se aventurar na cozinha. A geladeira da família agora tem frutas, gelatina com zero açúcar, legumes, verduras e saladas.
“Comer salada de alface com tomate é sem graça, mas se colocar mamão, nozes, rúcula e um molho fica uma delícia”, recomenda. “Eu fui me permitindo a conhecer novos gostos e novas formas de alimentação e hoje sinto prazer”.
A rotina tornou-se natural dentro da família. Atualmente, Maria corre todos os dias de manhã no parque e faz natação logo depois do exercício. “Eu tive que fazer um bem estar geral na minha vida porque me sentia refém de mim mesma e não admitia ser vencida pela comida”.
A atitude de Maria virou inspiração para outras pessoas que sofrem com a obesidade mórbida e hoje ela dá palestras e fala sobre a mudança de vida. “As pessoas precisam ver que é possível com calma e paciência. As mudanças acontecem, mas não de um dia para o outro. Temos que levantar a bandeira da saúde”, defende.