“Foi um evento fantástico! O sucesso da expedição de sábado já está gerando muitas possibilidades”, resumiu o organizador José Júlio Cardoso que vibrou ao ver os resultados da Primeira Expedição para avistamento de cetáceos e aves no entorno da Esec Tupinambás, organizada pelo Iate Clube Barra do Una, com a supervisão da Esec Tupinambás. Esse evento ocorreu nesta semana.
Essa experiência constituiu um marco histórico para a Esec Tupinambás, que há tempos vem planejando o Programa de visitas monitoradas visando atender a grande demanda de visitas ao arquipélago dos Alcatrazes (distante 35 quilômetros da costa), integrando visitas de cunho didático-científico no entorno imediato da UC.
A iniciativa é pioneira e inovadora e foi envolvida pelos organizadores e pela equipe de monitores que contou com professores doutores e mestres do Instituto Oceanográfico da USP, Instituto Terra&Mar, ONGs Dacnis e SDLB, Esec Tupinambás e demais voluntários alunos de cursos de pós e graduação. Os participantes puderam utilizar guias de campo e formulários com orientações de como proceder com os registros, além de informações e acompanhamento dos monitores. As fotos e informações comporão um banco de dados e o ICBU já planeja uma exposição itinerante com os melhores registros. Quatorze rotas foram estabelecidas, varrendo todo o arquipélago dos Alcatrazes e nesse percurso os participantes puderam registrar quatro espécies de cetáceos: Baleia de Bryde -Balaenoptera edeni, Golfinho-nariz-de-garrafa – Tursiops truncatus, Golfinho-pintado-do-Atlântico – Stenella frontalis e Boto cinza Sotalia fluviatilis e 6 espécies de aves marinhas (Fragata – Fregata magnificens, Atobá – Sula leucogaster, Trinta-réis – Sterna sp, Gaivotão – Larus dominicanus, Albatroz-de-nariz-amarelo Thalassarche chlororhynchos, com fotografias e filmagens e ainda estimativa do número de indivíduos e registro de coordenadas.
O registro da Baleia de Bryde foi realizado por uma menina de 12 anos que chamou a atenção do monitor Diego, aluno do IO/USP avisando: “Olha lá o borrifo”. Diego já vasculhava o horizonte, vislumbrando a avistagem de Baleia devido aos cardumes de peixes concentrados na área.
O relato de uma das participantes que estava acompanhada de toda a família também reflete o encantamento com esse evento. “Durante o caminho ouvimos outras embarcações relatando avistar baleias e golfinhos, mas nossos companheiros de hoje foram os atobás e as fragatas. A imagem da ilha foi impressionante, nos sentimos privilegiados em conhecer a ilha, sua vegetação e os ninhais das fragatas. Embora não tenhamos avistado as baleias adoramos a oportunidade”, disse Vera Helena, da embarcação Ruby.
A Esec Tupinambás está em processo de recategorização para Parque Nacional Marinho de Alcatrazes e iniciativas como essas preparam um programa consistente de visitação, com estudos de capacidade de suporte e envolvimento da população no monitoramento da fauna e flora da UC.
O professor Marcos Santos do IO/USP citou a antropóloga cultural norte-americana Margaret Mead fazendo conexão com o engajamento inédito que ocorreu nessa expedição a Alcatrazes: “Nunca duvidem da capacidade de um dedicado grupo de cidadãos; na realidade, eles são as únicas esperanças de se mudar os rumos do Planeta”, enfatizou Santos, acrescentando ainda que as atividades de lazer, cultura e educação ambiental aliadas à pesquisa são ótimos ingredientes que se enquadram em uma ação de cidadania.