Controle do orçamento pode ser uma das vantagens do dinheiro de plástico, mas é preciso disciplina; confira essa e outras dicas de especialistas no assunto
Você quer controlar seus gastos, mas não sabe por onde começar? Que tal concentrá-los em seu cartão de crédito? O que parece loucura para algumas pessoas pode funcionar para aquelas que têm muita disciplina e conseguem conter o ímpeto consumista. Por outro lado, se você não pode ver uma promoção que já vai sacando o cartão é melhor adotar outras táticas para não se endividar ou cair na armadilha de efetuar o pagamento mínimo da fatura.
Confira, abaixo, dicas de especialistas para fazer um uso saudável do cartão de crédito.
1 – Não use o cartão não é complemento de renda
Para começo de conversa, é importante lembrar que o cartão de crédito deve ser encarado como uma forma de pagamento, e não como complemento de renda. “Muitas pessoas pensam: não tenho dinheiro para pagar hoje, vou colocar no cartão de crédito e pagar no próximo mês. Aí no mês seguinte ela paga todo o cartão e não tem dinheiro para usar, então vai ter que pagar um novo mês financiada no cartão”, afirma Gabriela Vale, consultora financeira pessoal da Libratta.
Leia: Brasileiros têm entre 11% e 50% da renda comprometida
O professor de economia e finanças Otto Nogami, do Insper, explica que a ânsia pelo consumo às vezes supera a prudência em relação ao orçamento. “É preciso encarar o cartão de crédito como um instrumento emergencial para compras, e ficar atento para não comprometer a renda futura”, afirma.
2 – Aplique parte do seu salário e concentre os gastos no cartão
Para os consumidores mais disciplinados, uma dica de Nogami é usar o cartão como mecanismo para ganhar tempo na hora de pagar as contas. Enquanto isso, o dinheiro que o consumidor já tem em mãos ele pode aplicar em um produto financeiro para ter um ganho.
“A pessoa pode colocar boa parte do salário na poupança ou em outra aplicação de baixo risco e concentrar toda despesa no cartão de crédito, limitando-se ao valor que aplicou”, explica. Com isso, segundo o professor do Insper, é possível ter até um pequeno ganho financeiro, dependendo do rendimento da aplicação escolhida.
Também: Poupança tem melhor captação para junho desde 2002
Mas é preciso cuidado para que a fatura do cartão seja quitada na data exata, todos os meses. Caso contrário, a dica deixa de valer a pena, uma vez que o juro do cartão chega a 320% ao ano, muito superior ao rendimento das aplicações financeiras de baixo risco, de cerca de 6% ao ano.
3 – Pontos nos programas de fidelidade: vantagem ou perda de dinheiro?
Outro ponto positivo de usar essa tática é acumular pontos nos programas de benefícios das operadoras de cartões de crédito, na opinião de Nogami. “Esses pontos podem, no futuro, financiar férias ou a aquisição de produtos, se a pessoa souber usar”, afirma.
No entanto, é preciso ter cuidado com esse pensamento. Anísio Castelo Branco, professor de finanças do Senac São Paulo e Presidente do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos (Ibrafin), alerta que essa tática pode acabar sendo uma ilusão. Ele comenta que os programas têm regras que restringem o acesso aos benefícios, como um prazo pequeno para a expiração dos pontos, por exemplo.
Saiba mais: Mais de 75% dos jovens brasileiros compram por impulso
Assim, quem não acompanha de perto a pontuação dos cartões, não deve não deve usar o cartão pensando nos programas de benefícios, muito menos se motivar a comprar mais apenas pensando no acumulo de pontos. Por isso, Castelo Branco sugere que que o consumidor que não costuma usufruir dos prêmios use o cartão de crédito apenas para compras programadas, como viagens ou a aquisição de eletrodoméstico.
4 – Gastos no exterior e na internet
O cartão é uma mão na roda para quem tem o hábito de viajar para fora do país, precisa alugar um carro ou quer fazer uma compra online, lembra Eliana Bussinger, autora do livro “A Dieta do Bolso”. “Se você não tem cartão, está excluído do mundo virtual. Ele também é super prático para viagens ao exterior, pois não é preciso trocar dinheiro”, lembra. Neste caso, os cartões pré-pagos de viagem são uma boa pedida, pois têm um Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de apenas 0,38% sobre o valor das compras, contra 6,38% dos cartões de crédito comuns.
5 – Controle dos gastos
O cartão também pode ajudar a manter o orçamento no azul. “Hoje em dia você consegue acompanhar a fatura e o desenrolar através do internet banking. Conforme você for fazendo os gastos, você vai acompanhando”, lembra Ricardo Pereira, consultor financeiro do programa Consumidor Consciente, da MasterCard. “Quando o cartão é utilizado de maneira correta, vira um aliado no controle financeiro”, afirma.
Confira: Veja quanto seu dinheiro rende na poupança
Mas a dica só vale para quem já se acostumou a checar os lançamentos na internet com frequência. Caso contrário, o uso do cartão para pequenas compras do dia pode ter o efeito contrário e levar ao descontrole. “O consumidor que não acompanha os gastos pode se perder nas compras e correr o risco de ter que pagar os altíssimos juros dos cartões, diz Castelo Branco, do Ibrafin.
6 – Fuja do pagamento mínimo
Ao comprar mais do que seu orçamento permite, muitas pessoas constatam que, para pagar a fatura do cartão de crédito, será preciso comprometer boa parte da renda para evitar a inadimplência. Nesta situação, algumas podem cair na tentação de efetuar o pagamento mínimo da conta, e, com isso, ficam submetidas aos juros do rotativo do cartão de crédito, que podem chegar aos 320% ao ano. “De repente, ele percebe que está tomando o dinheiro mais caro do mercado”, explica Mario Sergio Romano de Andrade, consultor do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort).
Leia: Tem planos para o futuro, e está preocupado com a inflação?
A solução para fugir desse círculo vicioso é aliar o controle do orçamento pessoal com a poupança. “Assim, mesmo que a poupança não seja suficiente para cobrir o imprevisto, vai ter que tomar um empréstimo menor para cobrir o que faltar”, ressalta o especialista. Se o consumidor não for tão precavido, a solução é apelar para um empréstimo mais barato, como o consignado, por exemplo. Dessa forma, você quita seu débito com o cartão de crédito com taxas de juros bem menores.
7 – Fuja do impulso: deixe seu cartão em casa alguns dias
As compras feitas por impulso são o inimigo número um de quem quer terminar o mês no azul. Como cita Mario Sergio Romano de Andrade, do Idort: “O cartão de crédito, para quem não sabe usar, é a melhor maneira de comprar uma coisa que você não precisa com dinheiro que você não tem”. Por isso, ele sugere deixar o dinheiro de plástico em casa alguns dias da semana. “Até porque abrir mão do dinheiro de papel é bem mais dolorido, conforme mostram pesquisas. O cartão tem uma invisibilidade de número”, ressalta a escritora Eliana Bussinger.
Veja mais: Tem dívidas? Veja o que pagar primeiro
Controle do orçamento pode ser uma das vantagens do dinheiro de plástico, mas é preciso disciplina; confira essa e outras dicas de especialistas no assunto
Você quer controlar seus gastos, mas não sabe por onde começar? Que tal concentrá-los em seu cartão de crédito? O que parece loucura para algumas pessoas pode funcionar para aquelas que têm muita disciplina e conseguem conter o ímpeto consumista. Por outro lado, se você não pode ver uma promoção que já vai sacando o cartão é melhor adotar outras táticas para não se endividar ou cair na armadilha de efetuar o pagamento mínimo da fatura.
Confira, abaixo, dicas de especialistas para fazer um uso saudável do cartão de crédito.
1 – Não use o cartão não é complemento de renda
Para começo de conversa, é importante lembrar que o cartão de crédito deve ser encarado como uma forma de pagamento, e não como complemento de renda. “Muitas pessoas pensam: não tenho dinheiro para pagar hoje, vou colocar no cartão de crédito e pagar no próximo mês. Aí no mês seguinte ela paga todo o cartão e não tem dinheiro para usar, então vai ter que pagar um novo mês financiada no cartão”, afirma Gabriela Vale, consultora financeira pessoal da Libratta.
O professor de economia e finanças Otto Nogami, do Insper, explica que a ânsia pelo consumo às vezes supera a prudência em relação ao orçamento. “É preciso encarar o cartão de crédito como um instrumento emergencial para compras, e ficar atento para não comprometer a renda futura”, afirma.
2 – Aplique parte do seu salário e concentre os gastos no cartão
Para os consumidores mais disciplinados, uma dica de Nogami é usar o cartão como mecanismo para ganhar tempo na hora de pagar as contas. Enquanto isso, o dinheiro que o consumidor já tem em mãos ele pode aplicar em um produto financeiro para ter um ganho.
“A pessoa pode colocar boa parte do salário na poupança ou em outra aplicação de baixo risco e concentrar toda despesa no cartão de crédito, limitando-se ao valor que aplicou”, explica. Com isso, segundo o professor do Insper, é possível ter até um pequeno ganho financeiro, dependendo do rendimento da aplicação escolhida.
Mas é preciso cuidado para que a fatura do cartão seja quitada na data exata, todos os meses. Caso contrário, a dica deixa de valer a pena, uma vez que o juro do cartão chega a 320% ao ano, muito superior ao rendimento das aplicações financeiras de baixo risco, de cerca de 6% ao ano.
3 – Pontos nos programas de fidelidade: vantagem ou perda de dinheiro?
Outro ponto positivo de usar essa tática é acumular pontos nos programas de benefícios das operadoras de cartões de crédito, na opinião de Nogami. “Esses pontos podem, no futuro, financiar férias ou a aquisição de produtos, se a pessoa souber usar”, afirma.
No entanto, é preciso ter cuidado com esse pensamento. Anísio Castelo Branco, professor de finanças do Senac São Paulo e Presidente do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos (Ibrafin), alerta que essa tática pode acabar sendo uma ilusão. Ele comenta que os programas têm regras que restringem o acesso aos benefícios, como um prazo pequeno para a expiração dos pontos, por exemplo.
Assim, quem não acompanha de perto a pontuação dos cartões, não deve não deve usar o cartão pensando nos programas de benefícios, muito menos se motivar a comprar mais apenas pensando no acumulo de pontos. Por isso, Castelo Branco sugere que que o consumidor que não costuma usufruir dos prêmios use o cartão de crédito apenas para compras programadas, como viagens ou a aquisição de eletrodoméstico.
4 – Gastos no exterior e na internet
O cartão é uma mão na roda para quem tem o hábito de viajar para fora do país, precisa alugar um carro ou quer fazer uma compra online, lembra Eliana Bussinger, autora do livro “A Dieta do Bolso”. “Se você não tem cartão, está excluído do mundo virtual. Ele também é super prático para viagens ao exterior, pois não é preciso trocar dinheiro”, lembra. Neste caso, os cartões pré-pagos de viagem são uma boa pedida, pois têm um Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de apenas 0,38% sobre o valor das compras, contra 6,38% dos cartões de crédito comuns.
5 – Controle dos gastos
O cartão também pode ajudar a manter o orçamento no azul. “Hoje em dia você consegue acompanhar a fatura e o desenrolar através do internet banking. Conforme você for fazendo os gastos, você vai acompanhando”, lembra Ricardo Pereira, consultor financeiro do programa Consumidor Consciente, da MasterCard. “Quando o cartão é utilizado de maneira correta, vira um aliado no controle financeiro”, afirma.
Mas a dica só vale para quem já se acostumou a checar os lançamentos na internet com frequência. Caso contrário, o uso do cartão para pequenas compras do dia pode ter o efeito contrário e levar ao descontrole. “O consumidor que não acompanha os gastos pode se perder nas compras e correr o risco de ter que pagar os altíssimos juros dos cartões, diz Castelo Branco, do Ibrafin.
6 – Fuja do pagamento mínimo
Ao comprar mais do que seu orçamento permite, muitas pessoas constatam que, para pagar a fatura do cartão de crédito, será preciso comprometer boa parte da renda para evitar a inadimplência. Nesta situação, algumas podem cair na tentação de efetuar o pagamento mínimo da conta, e, com isso, ficam submetidas aos juros do rotativo do cartão de crédito, que podem chegar aos 320% ao ano. “De repente, ele percebe que está tomando o dinheiro mais caro do mercado”, explica Mario Sergio Romano de Andrade, consultor do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort).
A solução para fugir desse círculo vicioso é aliar o controle do orçamento pessoal com a poupança. “Assim, mesmo que a poupança não seja suficiente para cobrir o imprevisto, vai ter que tomar um empréstimo menor para cobrir o que faltar”, ressalta o especialista. Se o consumidor não for tão precavido, a solução é apelar para um empréstimo mais barato, como o consignado, por exemplo. Dessa forma, você quita seu débito com o cartão de crédito com taxas de juros bem menores.
7 – Fuja do impulso: deixe seu cartão em casa alguns dias
As compras feitas por impulso são o inimigo número um de quem quer terminar o mês no azul. Como cita Mario Sergio Romano de Andrade, do Idort: “O cartão de crédito, para quem não sabe usar, é a melhor maneira de comprar uma coisa que você não precisa com dinheiro que você não tem”. Por isso, ele sugere deixar o dinheiro de plástico em casa alguns dias da semana. “Até porque abrir mão do dinheiro de papel é bem mais dolorido, conforme mostram pesquisas. O cartão tem uma invisibilidade de número”, ressalta a escritora Eliana Bussinger.
Veja mais: Tem dívidas? Veja o que pagar primeiro