No Dia Mundial da Segurança dos Alimentos, comemorada na última quarta-feira (16), o Banco de Alimentos, equipamento da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, promoveu as palestras “Vegetarianismo – Mitos e Verdades” e “Desperdício de Alimentos e Sustentabilidade”.
O evento faz parte da programação da 4ª Semana de Segurança Alimentar (14 a 18), e foi realizado no auditório da Fundacc e aberto ao público.
Na primeira exposição, a nutricionista Sabrina Viana, coordenadora da pós-graduação em Nutrição Vegetariana e Estilo de Vida do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP), desmistificou conceitos sobre a alimentação vegetariana.
“Há quem diga que a alimentação vegetariana não pode ser adotada por crianças e idosos, pois não contém nutrientes necessários. Não é verdade. O fato de uma pessoa ingerir carnes em geral não a torna mais saudável. Tudo depende da quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos. A proteína animal pode perfeitamente ser substituída pela vegetal por meio das leguminosas (feijões, soja, grão-de-bico ou lentilha)”, afirmou.
A nutricionista também ressaltou que estudos comprovam que os vegetarianos apresentam menor pressão sanguínea, menos riscos de doença cardíaca, melhor controle do peso corporal e menor incidência de cânceres.
“Os alimentos in natura, ou seja, minimamente processados, são os melhores para a saúde. Os ultraprocessados com ingredientes produzidos industrialmente são os piores. Quanto maior a ingestão de frutas, legumes e vegetais, melhor para a saúde. Além disso, a adoção da dieta vegetariana também faz bem para o meio ambiente. Para produzir um litro de carne, por exemplo, são gastos 15.500 litros de água e de frango, 3.900 litros. Já para 1 quilo de milho são gastos 900 litros e de trigo, 1.300 litros (dados do site Water Footprint)”, disse.
Sabrina ainda refletiu sobre a filosofia vegana. “Se formos avaliar como são obtidas as carnes de boi, frango e peixe, o leite, os ovos, produtos cosméticos, vestuários, entre outros, chegamos à conclusão que é às custas do sofrimento de animais. Esse foi um dos motivos que me tornei vegetariana”.
O palestrante seguinte, Delano Moreira de Rezende, nutricionista e professor da ETEC/Caraguatatuba, abordou a questão do desperdício de alimentos.
“No mundo, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são jogados fora por ano. Desse número, 10% ocorrem no campo, 50% durante o transporte, 30% na comercialização e 10% no consumidor final. A saída está na sustentabilidade, ou seja, produzirmos e retirarmos somente o necessário, pensando nas gerações futuras. Temos que aprender a sermos sustentáveis senão enfrentaremos a escassez”, alertou.
Rezende propõe mudanças de atitudes no dia a dia para combater esse panorama. “Comprar somente a quantidade certa de alimentos, conservá-los adequadamente, reutilizar sobras limpas, separar o lixo orgânico e o reciclável, programar as comprar, fazer um cardápio semanal, congelar e descongelar corretamente os produtos são ações que farão a diferença no futuro”, afirmou.
Banco
Na abertura do evento, o secretário de Desenvolvimento Social e Cidadania, Jonas Fontes, ressaltou que o Banco de Alimentos de Caraguatatuba foi fechado há oito anos e reaberto, em 2017, pelo prefeito Aguilar Junior.
“Agradeço ao prefeito, às nutricionistas Paula Almeida (coordenadora) e Cíntia Araújo, e equipe por esse importante trabalho. Em quase três anos de funcionamento foram distribuídas 70 toneladas de alimentos a 28 entidades de assistência social no município. Além disso, o equipamento realiza vários cursos de capacitação de aproveitamento integral dos alimentos, voltado para funcionários de hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes e à população em geral”, disse Fontes.
O presidente da Câmara de Caraguatatuba, vereador Francisco Carlos Marcelino, o Carlinhos da Farmácia, lembrou que foi o autor da lei 1.548/2008, que criou o Banco de Alimentos, na gestão do prefeito José Pereira de Aguilar. “Fico satisfeito com o crescimento e fortalecimento desse equipamento que tem ajudado muitas instituições na cidade. Parabéns à Prefeitura e às nutricionistas responsáveis”, declarou.