O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, informou que o equipamento que identifica a formação de raios em Caraguatatuba até 15 minutos antes de ele cair vai ficar na cidade até o próximo verão. O aparelho está instalado em uma área da Polícia Ambiental, a cerca de 700 metros da praia Martim de Sá, na região central, mas seu raio de atuação é em torno de 20 quilômetros de diâmetro.
A confirmação é do professor e coordenador da pesquisa, Dr. Flávio de Carvalho Magina, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre e Grupo de Eletricidade Atmosférica, ligado ao Inpe.
Conforme ele, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), não foi possível retirar o equipamento e a decisão dos órgãos envolvidos, como Inpe e Defesa Civil do Estado, foi por mantê-lo em operação, com monitoramento remoto, até o próximo verão. “Os alertas continuam sendo emitidos também, basta existir alguma atividade elétrica capaz de ser detectada pelos sensores”, explica.
Segundo ele, a rede de sensores do Litoral Paulisto se mostrou eficaz no alerta de possibilidade de ocorrência de raios através do SMS 40199 da Defesa Civil, visto não ter sido registrada nenhuma ocorrência de fatalidade com raios nas praias onde esses sensores operaram no último período de verão (2019-2020).
Ainda conforme ele, “além dos alertas dos sensores do Inpe disseminados pela Defesa Civil, contribuiu também para a ausência de acidentes com raios a informação e conscientização das pessoas sobre o perigo dos raios nas praias o que deve ser credidado ao trabalho educativo e preventivo das Defesa Civil e das mídias jornalísticas comprometidas com a informaçâo de utilizade pública”.
Funcionamento
Qualquer possibilidade de formação de raios captada pelo equipamento é enviada para o Centro de Pesquisa e comando da Defesa Civil do Estado que envia mensagens, via SMS, à população cadastrada conforme o Código de Endereçamento Postal (CEP) com base em três níveis de atividade elétrica atmosférica classificados como Moderada, Alta e Muito Alta.
Entre o envio da mensagem do sensor ao disparado pela Defesa Civil, o coordenador da pesquisa calcula um tempo estimado de três minutos. “Tempo suficiente para que as pessoas encontrem abrigos e se protejam contra uma descarga”, explica.
O experimento é considerado inédito no Litoral Paulista e a importância desse instrumento em área litorânea é porque a densidade de raios no litoral, apesar de ser menor (5 descargas por km2 ao ano) do que no interior (10 ou mais descargas por km2 ao ano) é mais letal porque as pessoas estão mais expostas na praia.
Além de Caraguatatuba, foram colocados equipamentos em Ubatuba (Praia Grande), São Sebastião (Maresias), Guarujá (Baixada Santista) e Praia Grande (Litoral Sul).
O instrumento também é composto por pluviômetro que faz a medição do índice de chuva que cai na região onde estiver instalado e envia os dados diariamente, às 6h, para o Inpe.