Idealizado pelo advogado Adriano Abdo, o projeto começa a entrar em ação a partir de abril deste ano.
O projeto contempla as seguintes linhas estratégicas em defesa dos refugiados: garantir o direito e acesso à educação, advogar pelo direito dos refugiados à educação (influenciando políticas públicas e o marco legal), financiar e desenvolver parcerias para viabilizar bolsas de estudo em instituições de ensino privadas (nos níveis da educação básica, profissionalizante e superior), difundir metodologias de apoio às instituições de ensino públicos e privadas para o acolhimento do aluno (a) refugiado, articular uma rede de mentores para apoiar e incentivar os refugiados a melhorarem seu aprendizado ao maximizar seu potencial, mobilizar uma comunidade estudantil de refugiados, para que possam se apoiar mutuamente ao longo de suas jornadas, além da criação do programa Talento Sem Fronteiras, que tem como objetivo descobrir talentos e ajudá-los a usar essa qualidade da melhor forma em busca de protagonismo e impacto positivo na sociedade.
A sede do Educação Sem Fronteiras fica no centro da cidade de São Paulo. O local contempla uma sala de aula, onde serão oferecidos cursos profissionalizantes e preparatórios para o ingresso no Ensino Superior, palestras interculturais e mentorias de carreira.
Serão oferecidas aulas presenciais de português avançado, empreendedorismo, matemática e outras disciplinas importantes para educação e futuro dos refugiados, além disso, está sendo montada uma grade com disciplinas variadas como se fosse um cursinho pré-vestibular. O conteúdo das aulas vem sendo elaborado por uma equipe de professores com experiência em educação para refugiados, e incluirá temas como cidadania, cultura e direitos humanos em todas as disciplinas.
Paralelamente, a organização está buscando parcerias para doação de notebooks a serem usados durante as aulas na sede com o intuito de desenvolver habilidades importantes para a vida acadêmica e profissional.
“Outro projeto nosso é o talentos sem fronteiras pois acreditamos que alguns alunos também vão ter potencial para ingressarem em escolas e faculdades de ponta como Saint. Pauls e INSPER. É uma questão de apontar o caminho e mostrar o caminho mais reto para se chegar ao destino final”, completa Adriano.
Segundo a ACNUR existem hoje no mundo 25,44 milhões de refugiados, que são pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados. No Brasil temos atualmente 43 mil pessoas reconhecidas como refugiadas, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), 88% são venezuelanos.
A arte do encontro
Em 2017 Adriano Abdo e sua esposa estavam em NY jantando no restaurante do Plaza Hotel quando o maitre, sabendo que se tratava de um casal de brasileiros, pediu licença para iniciar uma conversa a respeito do seu sobrinho refugiado no Brasil e que estava necessitando de apoio. O casal foi jantar na casa do maitre no dia seguinte para continuar o assunto e lá decidiram acolher a ajudar o rapaz que era recém chegado da Síria. Ao voltarem para São Paulo, o casal conheceu Mohamed e o ajudou a arrumar um trabalho e uma estadia até a data em que ele foi para NY encontrar a família, após ser sorteado com um greencard. Aí começou o primeiro apontamento de concretização de um antigo desejo de Adriano: desenvolver um projeto forte de longevo de auxílio, acolhimento educacional e potencialização de talentos para os refugiados no Brasil.
História de família
O bisavô materno de Adriano, Mathia Kneio, veio da Alemanha para o Brasil fugindo da segunda mundial, e seu bisavô paterno Rachid Abdo Sleiman veio para o Brasil junto com a esposa Carmela Akel Sleiman fugindo da crise causada pelas consequências da primeira Guerra Mundial.
O pai de Adriano, Pedro Abdo Filho conta que chegaram ao Brasil em 1920, vieram da cidade de kahale, no Líbano onde escutaram falar bem de um País que recebia imigrantes em busca de trabalho.
“Aqui chegaram sem falar uma palavra de português e com pouquíssimo dinheiro, eram primos e já estavam casados. Meu bisavô, ouviu falar de uma comunidade árabe, na rua 25 de Março, e frequentando os patrícios, logo se tornou camelô. A bisavó Carmela fazia quibe e esfihas, e o bisavó Rachid vendia nos escritórios da Av. São João, que era o centro comercial de São Paulo na época.
Era o jeito que tinha para manter a família, que estava crescendo.
Logo prosperaram e mudaram-se para o interior de São Paulo em busca de progresso. Montou um armazém de secos e molhados e um cinema.
Ganhou dinheiro e teve os filhos que queria, Josefina, Pedro, Alice, Elias, Angelina, Ivone, Nazira e Alfredo, mas era pouco. Rachid era do mundo e era boêmio, gostava de jogar e era inquieto. Num determinado momento resolveu vender tudo o que tinha e voltar para São Paulo com todos os filhos.
Não satisfeito, resolveu que iria voltar para o Líbano atrás dos bens que havia deixado por lá. Imaginem que uma viagem desta de navio ida e volta com parada em Paris demorava por volta de seis meses.
Quando voltou, já não tão moço, teve que começar tudo de novo. Sorte que os filhos tinham crescido, alguns mais velhos já trabalhavam e sustentavam a casa. Nesta viagem a Paris aprendeu a fazer perfume, que fazia nos fundos de casa, e saia vendendo por aí. ganhava um dinheirinho.
Mas o melhor é que conseguiu dar estudo aos filhos, deixou um legado de gente honesta e trabalhadora para ajudar a formar o País que o acolheu.”
Sobre Adriano Abdo
Possui MBA em Relações Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas e MBA em Gestão Pública, Políticas e Gestão Governamental pela Escola Paulista de Direito e com formação em direito. Associado ao CEBRI – Centro Brasileiro de Relações Internacionais e ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas).
Mais informações no site: educacaosemfronteiras.org.br
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Manifesto – https://youtu.be/54Fx2gcPdTA