Ambientalistas fazem uma manifestação na porta do hotel onde a ANP fará leilão de blocos para exploração de petróleo — Foto: Reprodução/TV Globo
Quatorze blocos ficam perto de áreas como o Parque Nacional de Fernando de Noronha e da reserva biológica do Atol das Rocas.
Por Edivaldo Dondossola, Bom Dia Rio
Ambientalistas fazem uma manifestação na porta do hotel onde a ANP fará leilão de blocos para exploração de petróleo — Foto: Reprodução/TV Globo
Ambientalistas, pescadores e profissionais do turismo fazem uma manifestação, na manhã desta quinta-feira (7), na porta de um hotel na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, contra um leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Quatorze desses blocos estão próximos a áreas consideradas sensíveis e importantes para o ecossistema de recifes do Brasil, que são berçários de vida marinha e ficam próximo ao Parque Nacional de Fernando de Noronha e da reserva biológica do Atol das Rocas.
Ao menos 4 ações civis públicas já foram protocoladas na justiça nos estados de Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Norte, na tentativa de barrar o leilão. Na quarta-feira, a Justiça Federal negou um pedido para suspender a licitação, afirmando que não há provas dos possíveis riscos.
Riscos ao meio ambiente
A possibilidade de leilão para exploração nessa região provocou reação de autoridades e especialistas de Pernambuco. Uma nota técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) afirmou ser “temerária” a inclusão dessa área por causa da proximidade com Noronha e com a Reserva Biológica do Atol das Rocas, ambos berçários naturais.
“Considerando a propagação por longas distâncias de ondas sísmicas, a grande mobilidade de algumas espécies marinhas, a ação das correntes marítimas sobre a propagação do óleo e o histórico de invasão de espécies exóticas, associadas às atividades de exploração de petróleo e gás, toma-se temerária a inclusão dos blocos exploratórios da Bacia Potiguar”, disse o texto.
Os técnicos do ICMBio apontaram que há sobreposição com distribuição de espécies ameaçadas de extinção. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou pelas redes sociais que não reconhecer as recomendações técnicas “é uma atitude temerária”.
“É preciso ter em vista os impactos que são gerados nessa fase, com significativa influência sobre a biodiversidade marinha. Principalmente quando uma das áreas escolhidas para a prospecção fica próxima ao Arquipélago de Fernando de Noronha, uma zona de proteção ambiental de importante significado para Pernambuco e para o Brasil”, disse o governador.
Segundo os manifestantes, não há estudos conclusivos sobre o impacto ambiental dessa exploração e que qualquer vazamento poderia destruir esses patrimônios naturais.
A ANP informou que houve manifestação prévia dos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que seguiu as diretrizes ambientais e que os potenciais riscos e a viabilidade da exploração serão avaliados de maneira aprofundada durante o licenciamento ambiental.