O uso da música como recurso terapêutico é uma prática que acompanha o ser humano desde a Antiguidade. Comprovadamente, melodias são capazes de liberar endorfina, proteger o cérebro, reduzir as dores do corpo, além de contribui para a socialização.
A partir desses benefícios, a psicóloga Isabela Gobetti Leite e a terapeuta ocupacional Neorinete Campos Graves, a Nori, organizaram o projeto Roda Musical, voltado aos usuários do Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência e ao Idoso (Ciapi), da Prefeitura de Caraguatatuba, no bairro Jardim Jaqueira, às segundas-feiras, 14h.
“A Roda Musical é um momento para as pessoas expressarem suas emoções, exercitarem a memória e trocarem experiências, além de ser um encontro de alegria e bom humor. Trabalhamos com músicas trazidas pelos participantes ou escolhidas por nós. Nosso repertório escolhido nesta semana foi ‘Maria Maria’, de Milton Nascimento e Fernando Brant, e ‘Tu és o maior amor da minha vida’, dos compositores Sílvio Lima e De Carvalho, ‘Evidências’, de Chitãozinho e Xororó, e ‘Gostava tanto de você’ (Tim Maia)”, disse a psicóloga.
A participação não se resume apenas na cantoria. As duas profissionais fazem uma reflexão sobre as letras, os sentimentos e as lembranças que despertam.
“Os idosos costumam ter mais dificuldades para realizar alguns tipos de atividades e é aí que a música pode ajudar, motivando e reduzindo a resistência. O ganho biopsicossocial é significativo: melhora e equilibra o humor; evita picos de raiva e tristeza; reduz a agitação e estresse; aumenta a conexão entre relações e coordenação motora; contribui para reduzir a perda cognitiva, entre outros benefícios”, ressaltou Nori.
Assíduo nos encontros, José Giovani da Silva, 60 anos, acompanha a mãe, Gilda, 85 anos, que passou por cirurgia cardíaca e tem dificuldades de fala por ter sofrido um AVE (Acidente Vascular Encefálico).
“Minha mãe acompanha as músicas, batendo palmas e os pés e tenta cantá-las. A Roda Musical faz muito bem a ela e a mim também”, afirmou.
Outra que não gosta de perder os encontros é Iná Silva Santos Leite, 74 anos. “Ali, a gente relaxa, distrai, não pensa nos problemas e faz novos amigos” disse.
Já Ocimar Félix Júnior, 33 anos, dribla a timidez e os problemas de saúde no grupo. “Gosto de saber os que os mais velhos pensam, as músicas que gostam e de me enturmar com eles. Também faço natação e hidroginástica no Ciapi”, contou.
Centro Dia e Centro de Convivência
O Ciapi é um equipamento da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso (Sepedi) e está sob a gestão da Associação de Apoio ao Desenvolvimento Humano Acalento e oferece dois serviços: o Centro Dia e o Centro de Convivência.
O Centro Dia, onde a pessoa passa a manhã e tarde, é destinado a ofertar o serviço da Proteção Social Especial, proporcionando atenção integral, cuidados básicos e promoção da qualidade de vida, preservando os laços familiares e comunitários para usuários com semidependência e vulnerabilidade social, entre idosos e pessoas com deficiência acima de 18 anos.
Podem usufruir deste serviço idosos ou pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, violência, violação de direitos ou isolamento social.
O Centro de Convivência oferece ações integradas que estimulam a convivência e a socialização com o propósito de contribuir para uma vida saudável, autônoma e ativa dos frequentadores.
Para as aulas do Centro de Convivência, os interessados podem fazer a inscrição na sede do Ciapi, à Avenida Jorge Burihan, 30, bairro Jardim Jaqueira, das 8h às 16h, levando os seguintes documentos: carteira de identidade, CPF, comprovante de residência, cartão SUS, comprovante de vacinação das duas doses da vacina contra a Covid-19 e atestado médico atualizado com liberação para atividades físicas.