Hospital Regional é tema de discussão durante reunião em São Paulo
Localização da obra traz divergências entre os prefeitos do Litoral Norte
Leonardo Rodrigues
Os prefeitos dos quatro municípios do Litoral Norte participaram de mais uma etapa de reuniões para a implantação do Hospital Regional do Litoral Norte, na última quarta-feira. O encontro foi presidido pelo novo secretário de Desenvolvimento Metropolitano de São Paulo, Edmur Mesquita.
A discussão sobre o hospital regional não está quanto a sua necessidade, mas a localização. Atualmente existem duas áreas oferecidas ao Estado para o empreendimento. Uma é em Caraguatatuba, próxima a Fazenda Serramar. A outra fica na Costa Norte de São Sebastião, próximo a divisa com Caraguá, e que tem a doação do espaço já aprovado na Câmara Municipal.
Durante a reunião, o prefeito de São Sebastião Ernane Primazzi (PSC) voltou a dizer sobre promessa de Geraldo Alckmin, durante campanha para governador, em construir o Hospital Regional do Litoral Norte, em São Sebastião, comprometendo-se também com o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci e o ex-gestor de Ubatuba, Eduardo Cesar.
“Na reunião ficou claro que há um consenso por parte dos prefeitos de Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião, apenas o prefeito de Caraguatatuba, não está de acordo”, declarou Primazzi. Segundo o prefeito sebastianense, a aprovação, pelo Legislativo, do termo que autoriza a doação da área ao Estado para a instalação do Hospital Regional visa atender de forma rápida a população.
“O terreno está preparado, executamos serviços de aterro e terraplenagem. A questão agora é política. Caso o governador opte por São Sebastião, o hospital será implantado, no bairro da Enseada, na Costa Norte do município”, destacou.
Já o prefeito de Caraguá, Antonio Carlos (PSDB) destaca que o importante é de fato, a implantação de um hospital regional no Litoral Norte. Ele considera que o hospital regional é um “sonho de muitos anos” da região. “O importante é ele (hospital) se concretizar”, ressalta.
Sobre a melhor localidade para que o hospital regional seja instalado, Antonio Carlos acredita que é preciso passar pelo crivo técnico. “A escolha do lugar tem que ser técnica. Precisa ser técnica”, pontua.
Os demais
O chefe do Poder Executivo de Ilhabela, Toninho Colucci diz também que é preciso avaliar as melhores condições entre as duas áreas em disposição para o empreendimento. Contudo, ele comenta que o espaço disposto por São Sebastião já tem a parte de documentação adiantada, além de já feito o aterro no local.
“Mas trata-se de uma questão para o governador definir onde instalar o hospital”, comenta. Para Colucci, a expectativa de que o hospital saia entre São Sebastião e Caraguá, é de grande valia, em vista que são as duas cidades que concentram o maior número de profissionais da saúde, na região.
A reunião na última quarta-feira é sintetizada por Colucci como “interessante”, em vista da participação dos quatro prefeitos. Mas apesar de considerar como avançada o diálogo entre os chefes do Executivo do Litoral Norte, ele demonstra que ainda não é o ideal. “A coisa não é fácil”, comenta. Todavia, Toninho Colucci diz ainda acreditar em uma decisão, a respeito do local, com unanimidade entre os prefeitos da região.
Maurício Moromizato (PT) também trilha pelo caminho da técnica em detrimento da política, quanto à escolha da localização do hospital regional. “É preciso ser o mais técnico possível e não necessariamente uma escolha política do governador. Mas isso, não está muito claro ainda”, comenta.
Ele revela já estar agendado para a próxima quinta-feira, outro encontro na capital. Desta vez, ao invés dos prefeitos, secretários de saúde municipais se reunirão com o secretario de saúde da Região Metropolitana Vale/Litoral Norte e o responsável pela Saúde no Estado, para debaterem justamente onde implantar o hospital regional no Litoral Norte.
Sobre as áreas oferecidas, Moromizato diz não ter preferência. “Elas tem apenas sete quilômetros de distancia, uma da outra, para mim, tanto faz, fora da temporada, já que tenho alças de acesso pela Tamoios. Caso, seja temporada, por conta do trânsito lento, o melhor acesso, para quem é de Ubatuba, é a regional de Taubaté”, pontua.
Contudo, o prefeito ubatubense diz ter certa preferência por São Sebastião, por uma questão da Região Metropolitana exercitar a descentralização de investimentos e desenvolvimento. “É justo o pleito de São Sebastião e não prejudica em nada, a população de Caraguá. Em contrapartida, sobre desenvolvimento, Ubatuba merece o aeroporto regional”, comenta. Maurício exemplifica o que considera investimentos estaduais centralizados ao citar o Ambulatório Médico de Especialidades (AME), Poupatempo, Centro de Detenção Provisória (CDP) e a Fundação Casa em Caraguatatuba.
O chefe do Executivo de Ubatuba considera a reunião da última quarta-feira, boa e a presença dos quatro prefeitos refletem no compromisso e desejo dos mesmos, quanto à necessidade de um hospital regional. Ele descreve como firme a posição do governo estadual em implantar o hospital na região, em vista de até já ter definido o modelo de atendimento. “O hospital regional receberá apenas pacientes encaminhados por outros hospitais. Nesse sentido, ele será fechado à população. Esse é o modelo estratégico adotado pelo governo do Estado”, explica.
Participaram também da reunião o presidente da Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S.A, Laurence Casagrande, a diretora regional de Saúde do Estado, Sandra Maria Carneiro Tutihashi, e o responsável pela região do Litoral Norte e Vale do Paraíba e secretário adjunto da Saúde de São Sebastião, Antônio Nisoli.
Foto: Halsey Madeira|PMSS