Cerca de 100 profissionais de saúde das regiões centro e norte de Caraguatatuba foram capacitados nesta segunda-feira (13) para ações de busca ativa de hanseníase pelo município. O encontro ocorreu no auditório da Fundacc.
O objetivo é ampliar a detecção de casos de hanseníase por meio de ações direcionadas, através da capacitação dos profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde em diagnóstico e tratamento da hanseníase, e em identificação dos casos suspeitos de hanseníase por meio do uso do Questionário de Suspeição de Hanseníase.
A ideia é que os agentes comunitários de saúde utilizem o questionário durante as visitas, caso haja suspeita da doença. No documento é possível apontar os locais do corpo com marcas na pele. A partir disso, o paciente será encaminhado para Unidade de Saúde e caso a doença seja confirmada seguirá para tratamento.
Segundo o secretário de Saúde, Gustavo Boher, Caraguatatuba está preparada para o tratamento da doença, mas é necessário primeiramente identificar esses casos, onde muitas vezes são confundidos com outras patologias. “O município possui um setor especifico para o tratamento de casos de hanseníase, por isso, o diagnóstico deve ser rápido e quanto antes detectar, melhor será o tratamento”, explica Boher.
Segundo a Secretaria de Saúde, em 2022 foram notificados 49 casos da doença, sendo a maioria na região sul. “A ação já é realizada frequentemente pela Atenção Básica, agora com a capacitação para uso do questionário, facilitará o diagnóstico e as buscas nos territórios”, disse coordenadora da Atenção Básica, Alexandra de Matos.
A doença
A hanseníase é uma doença infecciosa causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae. Ela atinge pele e nervos, gera redução da força muscular e produz manchas, sensações como formigamento, dormências e outras formas de perda de sensibilidade.
A doença sempre foi cercada de preconceito e foi chamada, durante muito tempo, de “lepra”. Conscientizar a população sobre esse termo pejorativo é um dos intuitos da campanha, além de desmascarar mitos sobre como ela é transmitida.
Sinais e sintomas:
– sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades;
– manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato;
– áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor;
–caroços e placas em qualquer local do corpo;
– diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos).
Como se transmite?
Os pacientes sem tratamento eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro). O paciente em tratamento regular ou que já recebeu alta não transmite. A maioria das pessoas que entram em contato com estes bacilos não desenvolve a doença. Somente um pequeno percentual, em torno de 5% de pessoas, adoecem. Fatores ligados à genética humana são responsáveis pela resistência (não adoecem) ou suscetibilidade (adoecem). O período de incubação da doença é bastante longo, variando de três a cinco anos.
Como tratar?
A hanseníase tem cura. O tratamento é feito nas unidades de saúde e é gratuito. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico. O tratamento é via oral, constituído pela associação de dois ou três medicamentos e é denominado poliquimioterapia.
Como se prevenir?
É importante que se divulgue junto à população os sinais e sintomas da doença e a existência de tratamento e cura, através de todos os meios de comunicação. A prevenção baseia-se no exame dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG em todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio com o portador da doença.