Fiel se liberta e grita: Corinthians é campeão da Libertadores
Predestinado, Emerson faz os dois gols da vitória sobre o Boca e entrega a América a quase 40 mil representantes da “nação” no Pacaembu
Porque o nome do protagonista é Emerson. O “Sheik”, autor de um gol decisivo contra o Santos nas semifinais e do passe para o gol de Romarinho no jogo de ida da decisão, em La Bombonera, abriu o placar aos 8 minutos, depois de receber passe de costas de Danilo. Aos 46, o mesmo Emerson roubou uma bola no meio do campo, ganhou do zagueiro na velocidade e tocou com precisão no canto esquerdo do goleiro. A fatura estava liquidada.
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De forma invicta, após 14 jogos, o Corinthians entrou definitivamente para o grupo dos campeões da Libertadores depois de vencer o Boca por 2 a 0 no Pacaembu. O time paulista é o sexto na história a conseguir o título da Libertadores sem perder nenhum jogo da campanha. Um feito gigante e que torna a conquista ainda mais incontestável.
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Se havia barreira mais difícil para ser transposta antes do seu primeiro título, o Corinthians passou por ela nesta final com autoridade. O multicampeão Boca Juniors não conseguiu calar os gritos de mais de 37 mil torcedores, repetindo o que já havia acontecido nas fases anteriores, quando o time de Tite eliminou o Santos, campeão continental de 2011, e o Vasco, atual vice-campeão brasileiro.
Relembre o caminho do Corinthians do início da Libertadores até a decisão.
Depois de anos aguentando as piadas dos rivais por nunca ter conquistado a Libertadores, chegou a hora de os corintianos fazerem festas. Uma festa carregada de emoção, com aquela sensação de peso tirado das costas, como aconteceu no título paulista de 1977.
Em alguns dias – provavelmente não poucos – a festa vai dar espaço ao planejamento. Para quem conquistou a América de forma absolutamente impecável, não parece mais sonho o objetivo de (re)conquistar o mundo. Dessa vez, viajando até o outro lado do planeta.
Veja as imagens da decisão no Pacaembu, dentro de campo e nas arquibancadas.
O jogo
Tenso como tinha de ser, começou o jogo no Pacaembu. O peso das histórias dos dois clubes na Libertadores estava nos rostos dos 22 escolhidos para estarem ali. Os corintianos carregando a culpa dos outros, daqueles que tiveram a chance de conseguir o título mas falharam. O Boca tentando honrar os títulos e a tradição que alguns ali no campo construíram em outras nove finais de Libertadores.
Essa combinação acabou deixando o jogo sem muitas alternativas. Os dois times criaram muito pouco no primeiro tempo. Nervosos, abusaram dos chutões. O Corinthians, mais interessado em atacar foi melhor, mas em finalizações certas, pouco assustou.
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Orión, goleiro do Boca, mesmo assim, foi o personagem do primeiro tempo. Aos 10, quando Alex tentou de fora da área, ele defendeu em dois tempos e Emerson por pouco não chegou. Os dois trocaram xingamentos. O goleiro não parecia bem. A cada ataque corintiano, ele caía. Parava o jogo e esfriava as pretensões corintianas. Com a bola no chão, o time paulista conseguia até dar trabalho para a defesa argentina, principalmente com Emerson e Paulinho, mas faltou alguém para dar o último toque.
O goleiro do Boca acabou sucumbindo a uma lesão. E neste tempo, entre ser substituído e dar lugar a Sosa Silva, goleiro do Peñarol na decisão contra o Santos na Libertadores de 2011, o Boca ganhou tempo. Copeiro, o time argentino não tinha pressa e segurou o 0 a 0 até o intervalo.
Tudo mudou logo no início do segundo tempo. O Corinthians que havia sido levemente melhor na primeira metade do jogo, voltou inflamado. Eram mais de 35 mil vozes empurrando o time para o título inédito. Essa vibração foi para o campo. E como na semifinal contra o Santos, o gol veio cedo.
Aos 9 minutos, Alex cobrou falta na entrada da área. Jorge Henrique cabeceou em direção à marca de pênalti e Danilo, em meio à confusão, passou de costas para Emerson. O “Sheik” aproveitou a chance e fez um grito de libertação ecoar pelo Pacaembu.
O Boca, que havia mais esperado o Corinthians do que buscado o jogo no primeiro tempo, mostrou uma outra postura depois do gol. Com Riquelme mais aceso e menos “catimbeiro”, o Boca tentou buscar o empate. Não restava outra opção.
Aos 20 minutos, Julio Cesar Falcioni tentou dar mais alternativas de ataque a Riquelme. Saiu o volante Ledesma e entrou o atacante Cvitanich. O Corinthians controlava os nervos e tinha o jogo nas mãos. Esperava com a bola no chão os minutos se passarem até a glória.
E ela veio de novo dos pés de Emerson Sheik. De novo. O predestinado. Seu irmão, nas arquibancadas do Pacaembu disse antes do jogo que ele seria o nome do jogo. Previu apenas um gol, mas foram dois. Aos 26 minutos ele foi lançado. E Caruzzo não pôde fazer nada. Cara a cara com Sosa, Emerson só tocou para o fundo da rede aos 26 minutos.
Não havia mais nada que fizesse a torcida gritar e extravazar uma alegria presa por décadas. O Boca não foi páreo para o Corinthians. O Pacaembu, casa de tantas alegrias para o corintiano ao longo dos anos ganhou mais uma. Talvez a mais inesquecível de todas.
O Corinthians é campeão da Libertadores. E não há contestação. O “time do povo” conquistou a América.
FICHA TÉCNICA – Corinthians 2 x 0 Boca Juniors-ARG
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo-SP
Data: 4 de julho de 2012, quarta-feira
Horário: 21h50 (horário de Brasília)
Público: 40.186 (presentes) / 37.959 (pagantes)
Renda: R$ 2.580.912,00
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Assistentes: Abraham Gonzalez e Humberto Clavijo (ambos COL)
Cartões Amarelos: Chicão, Jorge Henrique e Leandro Castán (COR); Schiavi, Mouche, Santiago Silva e Caruzzo (BOC)
Gols: Emerson, aos 9 e aos 27 minutos do 2º tempo
CORINTHIANS: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Alex (Douglas) e Danilo; Emerson (Liédson) e Jorge Henrique (Wallace)
Técnico: Tite
BOCA JUNIORS: Orión (Sosa Silva); Sosa, Schiavi, Caruzzo, Clemente Rodríguez; Somoza, Ledesma (Cvitanich), Erviti e Riquelme; Mouche (Viatri) e Santiago Silva
Técnico: Julio Cesar Falcioni