#PraCegoVer: Salão Monteiro Lobato, na secretafria de Educação. A psicóloga Lilian Susuki, do Núcleo Educação e Medicalização do Conselho Regional de Psicologia está de pé, à sua frente público formado por homens e mulheres de diferentes idades. (Foto: Lucas Camargo/PMC)
A Secretaria de Educação de Caraguatatuba promoveu o II Seminário de Educação Inclusiva, voltado para os professores da rede municipal de ensino. O evento foi realizado nos dias 12 e 13 no Salão Monteiro Lobato, no Indaiá.
A palestra de abertura, na sexta (12), foi com a psicóloga Lilian Susuki, do Núcleo Educação e Medicalização do Conselho Regional de Psicologia. A profissional abordou o tema “Por uma psicologia que considere as potencialidades de pessoas com deficiência nos processos educativos” e chamou atenção para os diagnósticos crescentes de Transtorno da Deficiência de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
“Transtorno implica em doença mental e déficit de atenção, se a pessoa não apresenta essas características, ela não tem TDAH. Hiperatividade por si só, não implica em TDAH. É importante conhecer as características de cada fase do desenvolvimento, antes de qualquer diagnóstico”, ressaltou.
No sábado (13), o promotor de Justiça do Estado de São Paulo, Fausto Junqueira de Paula, dissertou sobre a “Educação inclusiva – Efetividade do Direito à Educação”. Para ele, não adianta ter leis para assegurar a inclusão se não tem profissionais capacitados que façam acontecer. A comunidade escolar – diretores, secretários de educação, professores, pais e alunos precisam pensar e trabalhar juntos. Para fazer a diferença na vida das crianças e adolescentes, precisa ter amor. Só com amor é possível ter empatia pelo outro”, ressaltou.
Em seguida, a psicóloga Lília Maíse de Jorge conversou sobre “Autismo e Inclusão Escolar: reflexões sobre os recursos e obstáculos”.
“Autismo é uma patologia complexa. É preciso detectá-lo o mais cedo possível. Saber se o autista tem alto ou baixo funcionamento cognitivo, comprometimento leve, moderado ou severo. Hoje em dias muitos são as possibilidades de intervenção, como ABA (Applied Behavior Analysis ou análise do comportamento aplicada), TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children ou Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits) ou no modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM). De tempos em tempos surgem novos modelos de intervenção no tratamento do autismo infantil. Tudo isso são modelos que se tornam modismo. O importante é que o profissional entenda muito bem de desenvolvimento infantil. Ter muita atenção e carinho no trabalho, é fundamental”, afirmou.
Já a psicopedagoga Anamaria La Laina Marconi discutiu o tema “Inclusão do aluno com transtorno de aprendizagem: um olhar especial”. De acordo com Marconi, toda criança pode aprender, desde que cada situação seja bem encaminhada e respeitada.
“O processo de aprendizagem envolve uma participação integral do sujeito. Quando aprendemos, estão envolvidos nesse processo nossa inteligência e os processos cognitivos; nosso corpo como instrumento de apreensão dos objetos de conhecimento, nossa condição afetiva e emocional e a condição biológica do nosso organismo. O interesse é despertado quando vemos algo acontecer. A atuação do professor é decisiva e pode marcar o destino de uma criança. Ele pode dar vida a uma criança que está em sofrimento”, disse.
Para fechar o seminário, as terapeutas ocupacionais, Mariah Bricks e Evelyn Bentes, falaram sobre “Manejo comportamental”. Ambas destacaram a importância de conhecer a rotina da criança para fazer a análise do comportamento. Entre os dados importantes a serem observados em sala, quando um aluno entra em crise, devemos observar: a rotina da criança; registro do comportamento, hora e local, o que o aluno estava fazendo no momento da crise, quanto tempo durou, o que foi feito após a crise, como estava o ambiente. Elas também deram as seguintes dicas: “Não lembre a criança do comportamento indesejado. Instrua o indivíduo para o cumprimento de regras e combinados. Ensine quais os comportamentos adequados e a lidar com as frustrações”.
Paulo Roberto da Silva, professor de Educação Física há seis anos na EMEF Prof. Antonio de Freitas Avelar disse que a demanda de crianças com deficiência na rede municipal de ensino está aumentando. “O seminário foi de grande valia. Quanto mais conhecimento, melhor saberemos lidar com crianças com deficiência”, afirmou.
Nadir Batista da Silva foi agente de desenvolvimento infantil (ADI) por seis anos, atendendo alunos da inclusão, na EMEF Prof. Euclydes Ferreira (Perequê-Mirim), há um ano atua como professora do 1º ano, na EMEF Prof. Geraldo de Lima (Perequê-Mirim). “Não tem como fugir da inclusão, ela está aí no dia a dia do ambiente escolar. É obrigatório buscar conhecimento sobre o assunto. O seminário acrescentou muito, principalmente sobre autismo”, disse.