Comissão apurou e confirmou vazamentos ocorridos dentro da UTGCA, tanto de C5+, como benzeno
Acácio Gomes
Criada em abril deste ano para avaliar as questões de segurança e meio ambiente, a Comissão de Assuntos Relevantes (CAR) da Unidade de Tratamento de Gás Natural Monteiro Lobato (UTGCA) apresentou na última terça-feira, na sessão da Câmara de Caraguá, relatório final sobre os trabalhos.
A CAR foi criada justamente depois que moradores e representantes dos bairros Balneário Golfinho, Jardim Britânia, Morro do Algodão, Pontal Santa Marina, Praia das Palmeiras e Jardim Aruan, procuraram vereadores registrando reclamações quanto à presença do forte odor sentido após o início da atividade da UTCGA.
“Ora, a presença de forte odor nunca antes sentido e nas proximidades de uma unidade de tratamento e processamento de gás, gera indubitavelmente uma terrível preocupação, pois para o leigo o risco de acidente torna-se iminente e a sensação de insegurança e pavor é presumível”, citou no relatório os parlamentares.
No documento de 20 páginas e assinado pelos vereadores e Wenceslau de Souza Neto, o Lelau (PT) – presidente, Júlio Cezar Alves (PSB) – relator, e Oswaldo Pimenta de Mello Neto, o Chininha (PSB) – membro, foi confirmada através de apurações vazamentos ocorridos dentro da UTGCA, tanto de C5+, como benzeno.
“Houve confirmação por parte do representante da Petrobras sobre os vazamentos, porém em pequenas proporções que não afetaram a comunidade. Admitiu o representante que faltou comunicação com a Prefeitura de Caraguá e com os moradores. A CAR objetivou unicamente possibilitar uma melhora na comunicação entre os representantes deste Poder Legislativo e a equipe técnica responsável pela gestão dos trabalhos desenvolvidos pela UTGCA no município”.
Satisfação
Porém, os vereadores da CAR da UTGCA concluíram que as respostas dadas aos questionamentos sobre segurança e meio ambiente foram satisfatórias e, consequentemente, trazem grande alívio aos moradores do entorno da unidade.
“Tornou-se possível constatar que a despeito de a atividade industrial desenvolvida pela UTGCA – Petrobras, ser de considerável periculosidade, a Companhia tem realizado uma série de ações com vista a garantir a segurança de seus colaboradores, da comunidade e do meio ambiente. Todavia, detectamos a existência de uma deficiência na comunicação entre a UTGCA – Petrobras e o poder público local”.
Ao final do documento, a CAR sugeriu à equipe técnica a realização de uma reunião mensal sobre assuntos locais que guardem relação com as atividades desenvolvidas pela UTGCA, a fim de facilitar a comunicação da empresa com o poder público e a população.
Sindipetro-LP diz que a realidade é outra
A reportagem do Imprensa Livre entrou em contato com o representante do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP) para comentar o relatório final da Comissão da Câmara.
“A realidade é outra e isso não é culpa dos moradores. Os diretores contam histórias e mostram o que interessa. Para se ter uma ideia, tivemos recentemente um vazamento na unidade e em nenhum momento foi acionada a sirene que consta como exigência no Plano de Resposta a Emergências da empresa. Nestes acidentes, é obrigatório o acionamento da sirene. Os funcionários só sabem do problema nos corredores ou quando passa uma ambulância. As normas de segurança não são cumpridas”, revelou o diretor Eduardo João da Silva.
Ele citou outro exemplo ocorrido recentemente na UTGCA. “Por questões externas, houve um óbito de um trabalhador da área de planejamento com diagnóstico de meningite grave. A empresa não isolou o local onde ele trabalhava, muito menos higienizou a área, ou melhor, até fez isso, somente apenas depois de cobrada pelo Sindipetro e pela Comissão Interna de Acidentes de Trabalho (Cipa). Para quem olha de fora é uma coisa, mas lá dentro a realidade assusta”.
Foto: Jorge Mesquita/Arquivo
Fonte Imprensa Livre